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Sabia que o “Rei dos Floristas” é português?

22 mai, 2014 • Olímpia Mairos

Constantino José Marques de Sampaio e Melo nasceu em Torre de Moncorvo e foi embaixador de Portugal no mundo, através dos seus arranjos florais artificiais. As suas imitações dificilmente se distinguiam das flores naturais. É homenageado, este mês, na sua terra natal.

Sabia que o “Rei dos Floristas” é português?
Até ao final de Maio, a vila de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, presta homenagem a Constantino (1802-1873), um filho da terra considerado o primeiro emigrante de sucesso, que encantou algumas cortes europeias com as suas flores artificiais.

Relatos históricos dão conta de que Constantino José Marques de Sampaio e Melo imitava de forma peculiar as flores naturais, tendo-se consagrado em Paris como produtor de flores artificiais, na Exposição da Indústria de 1844.

“Nessa exposição ganhou o título de 'Rei dos Floristas' porque as pessoas não conseguiam distinguir quais eram as flores fabricadas por ele e quais naturais”, conta à Renascença o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves.

Para homenagear Constantino, que em criança foi abandonado pela mãe na antiga "casa da roda" da vila, o centro histórico da vila de Torre de Moncorvo já se encontra “decorado a rigor” com diversos e variados arranjos florais em papel.

Do programa de comemorações consta a recriação histórica da vida de Constantino, um colóquio sobre o artista e ateliers de flores nos vários largos da vila, bem como um mercado de flores e visitas guiadas à Igreja da Misericórdia, onde ainda se conserva um ramo de flores feito pelo "Rei".

As principais celebrações decorrem entre 23 a 25 de Maio com organização da autarquia de Torre de Moncorvo.

“Empresário de sucesso” e “embaixador de Portugal no mundo” no séc. XIX
Constantino é considerado o primeiro “empresário de sucesso” do concelho de Torre de Moncorvo. No centro de Paris instalou uma fábrica e percorreu “uma boa parte do mundo” onde, com a sua mestria e arte, continuou a fazer os seus arranjos florais e a transmitir os seus conhecimentos em diversos países. 

Constantino foi “um embaixador de Portugal no mundo”, diz o autarca de Torre de Moncorvo, na medida em que “começou por ser o grande estilista na cidade dos estilistas e na cidade da luz” e prestou “serviços florais em várias cortes do mundo”.

Em Portugal, Constantino foi recebido pela Rainha D. Maria II, a quem ofereceu algumas das suas flores. Mas não foi só a corte portuguesa que se rendeu aos arranjos de Constantino. Também a corte francesa, a dos Estados Unidos e a russa ficaram fãs das tiaras e bouquets que o português lhes terá oferecido, em meados do século XIX.

"Constantino teve sempre vontade de regressar a Torre de Moncorvo, o que não veio a acontecer, tendo apenas enviado uma tiara de flores para o casamento da rainha Maria II, vindo a falecer em Paris", conta o autarca.

Além de uma rua com o seu nome na vila de Torre de Moncorvo, o nome do florista ficou registado em Lisboa, na denominação dada a um jardim público, o Jardim Constantino, na zona da Estefânia, próximo da Avenida Almirante Reis. Em Paris há também uma rua que lhe é dedicada.