22 abr, 2014 • Raquel Abecasis
O historiador Rui Ramos relativiza as manifestações de desagrado dos portugueses em relação à democracia, dizendo que “ao longo destes 40 anos, o nosso regime democrático já ultrapassou por duas vezes situações muito semelhantes a esta e foi capaz de absorvê-las”.
“A nossa nunca foi uma democracia do bom tempo. Começou, mesmo, numa altura muito pouco propícia, com o choque do petróleo, de 1973, com as grandes inflações no Ocidente, apanhou o segundo choque do petróleo, a partir de 1979” argumenta Rui Ramos, em entrevista ao programa “Terça à Noite”, da Renascença.
O investigador refere que “os primeiros 10 anos de democracia, depois daquele primeiro ano de 74 em que há o aumento dos salários, etc…, são anos de austeridade. A democracia portuguesa começou na austeridade”.
Numa entrevista em que olhou para o pós-25 de Abril e fez o balanço de 40 anos de democracia, Rui Ramos destaca a forma como, apesar das críticas e insatisfações, as pessoas continuam a valorizar o regime e a estabilidade política.
Ramos sublinha que “em Portugal, os projectos extremistas não vingam, ao contrário de outros países europeus, e essa é uma virtude da nossa jovem democracia”.
O investigador diz que “as pessoas só valorizam o que possa estar em causa” e essa é a razão pela qual as questões da liberdade de voto ou de imprensa não são muito mencionadas nas sondagens de opinião feitas a propósito do 25 de Abril, sublinha.
Rui Ramos considera, também, que a juventude tem hoje a democracia de tal forma “interiorizada” que nem sequer concebe o que é viver sem ela, sendo esse "o maior triunfo destes 40 anos”.