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Parlamento mostra "O nascimento de uma democracia"

15 abr, 2014 • Susana Madureira Martins

Todo o material da exposição é original e grande parte pertence ao arquivo pessoal do ex-deputado Pacheco Pereira, como cartazes, fotos, discos em vinil.

Parlamento mostra "O nascimento de uma democracia"

Os primeiros hinos de campanha após o 25 de Abril, os cartazes de apelo ao voto nas eleições de 1976 ou fotografias do primeiro dia de sessão plenária da Assembleia da República fazem parte da exposição “O nascimento de uma democracia”, que irá ser inaugurada esta quarta-feira, na Assembleia da República.

A mostra está inserida no ciclo de comemorações dos 40 anos do 25 de Abril e foi apresentada esta terça-feira aos jornalistas pelo comissário da exposição José Pacheco Pereira, historiador, ex-deputado do PSD e proprietário da maior parte do acervo original desta mostra.

Os visitantes podem escutar, por exemplo, uma música de campanha do CDS do final dos anos 70 do século passado, há ainda uma rara versão da Internacional do PS, diferente da do PCP,  ou um hino da campanha presidencial de Pinheiro de Azevedo.

“Traduzem um pouco o ambiente da época. Muitas das músicas são bastante ignoradas. Aliás, há um disco fabuloso do CDS, que é muito bem cantada e bem feito, com músicas contra os golpistas”, refere Pacheco Pereira.

Todo o material da mostra é original e grande parte pertence ao arquivo pessoal do ex-deputado, como cartazes, fotos , discos em vinil. Algumas das peças de propaganda são verdadeiras raridades e cheias de significado político.

“É muito a simbologia ou clássica dos partidos políticos, no caso, por exemplo, da esquerda a foice e o martelo: a foice representava os camponeses, o martelo os operários e a estrela de cinco pontas o internacionalismo proletário. No caso do PSD, as três setas, que muita gente hoje já não sabe o que significam, que aqui ainda são visíveis como três setas e que são as setas que os sociais-democratas alemães usavam para pintar por cima das cruzes gamadas, para estragar as cruzes gamadas nas paredes da Alemanha”, explica o historiador.

Aos visitantes fica um aviso: esta não é uma exposição sobre o 25 de Abril, é sobre como é que entre esse dia de 1974 e o fim do ciclo eleitoral de 1976 nasceu a democracia. São anos em que quase tudo aconteceu, sublinha Pacheco Pereira.

No andar nobre do Parlamento podem ainda ser vistos originais dos diários da última sessão da Assembleia Nacional, os originais dos diários da primeira sessão da Assembleia da República. “Bom dia, Assembleia da República. Adeus, Assembleia Nacional”, foi a primeira frase proferida nessa sessão histórica.

A exposição recorda ainda algumas das frases-slogan da época, por exemplo: “Os galos pedem a nacionalização dos ovos” ou “Socialismo em construção: visite o andar modelo”.