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Há quem queira dar emprego e não consiga candidatos

15 abr, 2014 • João Cunha

Lavandaria procura trabalhadores há mais de meio ano para conseguir expandir o negócio. O empresário oferece mais do que o salário mínimo, mas os poucos que aparecem preferem continuar a viver do rendimento mínimo.

Apesar do elevado número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego, ainda há patrões que não conseguem preencher vagas. É o caso de uma lavandaria e engomadoria no distrito de Setúbal, criada em 2013, que pode crescer, se conseguir mão-de-obra.

O proprietário decidiu realizar obras de ampliação, mas agora faltam trabalhadores. "António" - chamemos-lhe assim para manter o anonimato -, já fez de tudo para conseguir mais colaboradores.

"Recorri a publicidade no jornal, fui a três centros de emprego, em Setúbal, Montijo e Barreiro e estamos desde 4 de Setembro de 2013 à espera que nos enviem mão-de-obra", explica à Renascença.

"António" conta que até aparecem pessoas em situação de desemprego, mas "mesmo sem saberem qual o horário de trabalho" recusam a oferta, porque assumem ter um part-time, cujo rendimento somam ao subsídio e acham que não justifica aceitar o emprego.

"Na zona existem muitas pessoas que vivem de rendimentos mínimos, que recebem supostamente  mais do que o ordenado proposto e que não querem trabalhar", revela.

António sublinha, no entanto, que "paga mais do que o ordenado mínimo" e está "disponível para pagar ainda mais, se necessário". Mas nem assim consegue atrair quem está no desemprego. Por isso, só consegue chegar a uma conclusão: "É muito mais cómodo levantarmo-nos e irmos para o café, o resto da manhã. Enfim, vamos para a diversão e os outos que trabalhem", lamenta.

Com a chegada da época alta no turismo vai ter de lavar e passar mais toalhas e lençóis dos vários hotéis e residenciais com quem trabalha.