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Quase dois milhões de portugueses em risco de pobreza

24 mar, 2014

INE considera que se trata do valor "mais elevado desde 2005". Dados constam do mais recente Inquérito às Condições de Vida e Rendimento.

O número de portugueses em risco de pobreza aumentou entre 2011 e 2012, atingindo 18,7% da população, ou seja, quase dois milhões de pessoas, um valor que poderia aumentar para quase 50% se não existissem transferências sociais.

Os dados constam do mais recente Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC) do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados esta segunda-feira.

Os dados mostram que, em 2012, 18,7% da população portuguesa estava em risco de pobreza, mais oito pontos percentuais do que em 2011. Um valor percentual que corresponde na realidade a 1.961.122 portugueses e que faz o INE apontar que se trata do “mais elevado desde 2005”.

Segundo o INE, a taxa de risco de pobreza corresponde à proporção da população cujo rendimento equivalente se encontra abaixo da linha da pobreza, definida como 60% do rendimento mediano por adulto equivalente, que passou de 416 euros em 2011 para 409 euros em 2012.

Entre as famílias com crianças a cargo, a taxa de risco de pobreza também aumentou, passando de 20,5% em 2011 para 22,2% em 2012. 

As taxas de risco de pobreza mais elevadas foram estimadas para os agregados constituídos por um adulto com pelo menos uma criança (33,6%), por dois adultos com três ou mais crianças (40,4%) e por três ou mais adultos com crianças (23,7%), que enfrentam pela primeira vez um risco de pobreza superior aos das pessoas que vivem sós (21,7%).

Em relação aos menores de 18 anos, o risco de pobreza também aumentou, tendo crescido 2,6 pontos percentuais em relação ao valor registado em 2011 e estando em 2012 nos 24,4%.

Ao mesmo tempo, o risco de pobreza para a população em idade activa foi de 18,4%, mais 1,5 pontos percentuais do quem em 2011, quando o valor foi de 16,9%.

"Ao contrário, a taxa de risco de pobreza para a população idosa, 14,7%, manteve a tendência decrescente, expectável face ao crescimento médio das despesas com pensões de velhice 'per capita' que tem vindo a verificar-se desde o início do século (7%) ", refere o INE.

O risco de pobreza entre as pessoas desempregadas aumentou 1,9 pontos percentuais entre 2011 e 2012, chegando agora aos 40,2%, um aumento também sentido entre os que têm emprego. Há 10,5% de pessoas que trabalham, mas que, ainda assim, estão em risco de pobreza.

Também a intensidade da pobreza aumentou entre 2011 e 2012, sendo nesse ano de 27,3%, o que significa um agravamento de 3,3 pontos percentuais relativamente a 2011.