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Mais de 300 mil idosos já foram vítimas de violência

25 fev, 2014 • Filomena Barros

Estudo apresentado na Fundação Calouste Gulbenkian revela que são sobretudo casos de violência financeira e psicológica.

Mais de 300 mil idosos já foram vítimas de violência

Cerca de 314 mil portugueses com mais de 60 anos já foram vítimas de violência.

A conclusão é de um estudo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, que procurou identificar as vítimas e causas da violência em Portugal. O estudo foi apresentado no seminário sobre “Envelhecimento e Violência”, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Os dados revelam que 12,3% da população idosa portuguesa foi vítima de, pelo menos, uma conduta de violência por parte de um familiar, amigo, vizinho ou profissional de saúde. Trata-se, sobretudo, de casos de violência financeira e psicológica. De seguida, vêm os casos de violência física e, menos frequentes, os de negligência ou abuso sexual.

O estudo indica também que apenas um terço das vítimas denunciou ou apresentou queixa e, quando o fez, contactou a PSP ou GNR.

A maioria dos agressores pertencia à família nuclear, designadamente, cônjuges e actuais ou ex-companheiros, filhos, enteados, filhas e enteadas. Contudo, verificaram-se diferenças de acordo o sexo da vítima. Nas mulheres, os cônjuges e os actuais ou ex-companheiros foram identificados como um dos principais agressores, seguidos dos descendeste homens.

Já nos casos das vítimas do sexo masculino, os descendentes homens foram os principais perpetradores, enquanto os cônjuges e os actuais ou ex-companheiros representavam mais de um terço dos agressores.

Segundo os investigadores, os laços familiares, a protecção da família e o medo de represálias são razões fortes para silenciar as vítimas de violência e a denúncia constitui ainda um tabu para muitas vítimas. Nesse sentido, defendem, “é importante dar visibilidade social ao problema, que, além de constituir um problema social com impactos na saúde, é entendido também como uma violação grave dos direitos humanos”.