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"Greves estão a criar efeito negativo na procura de transporte público"

30 jan, 2014 • Ana Carrilho

Luís Cabaço Martins, presidente da ANTROP e administrador do grupo Barraqueiro, considera que as empresas privadas de transportes são mais eficazes a gerir os conflitos laborais do que as públicas.

O elevado número de greves está a gerar desconfiança entre os utentes e mesmo o seu afastamento dos transportes públicos, afirma o presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros (ANTROP).

“O que me parece relevante nesta questão das greves, e dada a sua frequência e persistência, é o efeito negativo que se cria na procura de transporte público”, diz Luís Cabaço Martins, em entrevista à Renascença.

“Acho que o Governo, quando é responsável directamente pela gestão das empresas públicas, e é nessa componente que me referia, deve ponderar seriamente as suas opções políticas de modo a não criar, por si próprio, efeitos acrescidos de afastamento das pessoas”, sublinha o também administrador do grupo Barraqueiro.

Para Luís Cabaço Martins, as empresas privadas de transportes são mais eficazes a gerir os conflitos laborais do que as públicas.

O presidente da ANTROP aponta o dedo à reestruturação do sector empresarial do Estado feita pelo Governo em 2011, que tem gerado inúmeros protestos e greves dos trabalhadores.

À margem da conferência sobre a mobilidade e as pessoas, organizada esta quarta-feira pela Sedes - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, Luís Cabaço Martins defendeu a passagem deste serviço público para as mãos dos privados.

“Eu penso que, pelo menos, poderíamos ter oportunidade de provar que o sector privado, tradicionalmente, consegue gerir melhor, de forma talvez mais flexível, mais aberta, sem ter constrangimentos políticos, de calendário político.”

Na opinião de Luís Cabaço Martins, “o empresariado privado tem mais oportunidade de encontrar consensos e equilíbrios, porque não está constrangido com nenhum tipo de pressão política, ao contrário do que acontece com as empresas públicas que, muitas vezes, quando existem conflitos, existe uma confusão institucional”.

Ou seja, conclui, “muitas vezes existe conflito entre as opções de gestão do próprio empresário público e o Governo, que muitas vezes avoca para si a gestão dessas questões sociais”.