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Estaleiros de Viana

Ana Gomes desvaloriza queixa de ministro e mantém “tudo o que disse"

03 dez, 2013

A eurodeputada espera esta situação leve a inquérito, para assim se fazer "uma verdadeira investigação a este processo muito nebuloso e pouco transparente de destruição dos estaleiros navais".

Ana Gomes desvalorizou o anúncio de que o ministro da Defesa vai avançar com uma queixa-crime por difamação, no âmbito do processo de subconcessão dos estaleiros de Viana. A eurodeputada mantém "tudo o que disse".

"O senhor ministro faça o que entender, que eu vou fazer o que eu entender. Talvez essa queixa leve a que haja um inquérito na Assembleia da República e assim se faça uma verdadeira investigação a este processo muito nebuloso e pouco transparente de destruição dos estaleiros navais e da passagem dos activos a uma empresa provada", afirmou à agência Lusa.

Uma fonte do gabinete de José Pedro Aguiar-Branco disse na segunda-feira que o ministro da Defesa Nacional vai apresentar uma queixa-crime contra Ana Gomes e outros autores de "declarações difamatórias" sobre o processo de subconcessão dos estaleiros de Viana.

"Já se iniciaram os procedimentos inerentes à apresentação da queixa-crime, pelo ministério, contra os autores de declarações difamatórias produzidas nos últimos dias, nomeadamente da eurodeputada Ana Gomes", disse a mesma fonte.

O processo surgiu na sequência de dúvidas levantadas publicamente pela eurodeputada e socialista sobre alegadas relações entre o ministro Aguiar Branco e o grupo privado Martifer.

Em declarações hoje à Lusa, Ana Gomes disse que mantém "tudo o que disse" sobre os estaleiros navais, reforçando que "é preciso fazer" uma investigação.

A eurodeputada lembrou que estão em causa os empregos de 600 trabalhadores, das suas famílias e de toda a actividade económica da zona de Viana do Castelo. Na sua opinião, todo o processo é uma sucessão de "actos de má gestão, má política, de elementos perturbantes, destruidores dos interesses nacionais" e dos trabalhadores.

Questionada sobre o anúncio do presidente da Martifer, Carlos Martins, em entrevista publicada no “Diário Económico”, de que serão criados 1.000 postos de trabalho num prazo de cinco anos com os novos contratos que está a desenvolver na América Latina e no norte de África, Ana Gomes disse que "estas afirmações não garantem condições idênticas" às que os trabalhadores tinham.

Estas as declarações “valem o que valem", disse. "Nós sabemos que a empresa não tem especial competência na gestão de estaleiros deste tipo como não tem também activos financeiros visto que estar ela própria deficitária e para o Estado o contrato é ruinoso", acrescentou.