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Ex-presidente do BPN autorizou empréstimo de 50 milhões a Duarte Lima

16 out, 2013

Oliveira e Costa foi ouvido como testemunha no julgamento do caso Homeland, relacionado com a aquisição de terrenos em Oeiras.

O ex-presidente do BPN admitiu, esta quarta-feira, ter autorizado um empréstimo de 50 milhões de euros ao antigo deputado Duarte Lima e a outros arguidos, no caso Homeland, ao ser confrontado com documentos que tinham a sua assinatura.

Oliveira e Costa foi ouvido como testemunha no julgamento relacionado com a aquisição de terrenos em Oeiras para a alegada construção da nova sede do IPO, e que senta no banco dos réus o antigo líder parlamentar do PSD Duarte Lima, o seu filho Pedro Lima e o empresário Vítor Raposo, entre outros.

Numa inquirição em que evidenciou constantes falhas de memória, traduzida em expressões como "não sei", "não me recordo" e "não faço a mínima ideia", não causou surpresa quando Oliveira e Costa respondeu ao procurador José Niza que "não se recordava" de ter concedido o crédito (até 60 milhões) para o projeto Homeland, um fundo destinado à aquisição de terrenos.

As falhas de lembrança de Oliveira e Costa levaram o procurador a exibir vários documentos com a assinatura do presidente do BPN, designadamente aquele em que o fundador do Banco Português de Negócios decide a entrada do Fundo de Pensões do BPN no projecto, numa quota a rondar os 15%.

Justificou o empréstimo do BPN alegando que os terrenos tinham "potencialidades" para a construção de um polo tecnológico, apesar de garantir que nada sabia sobre a intenção de aí ser construída a nova sede do IPO. Quanto ao facto de abranger Pedro Lima e Vítor Raposo, Oliveira e Costa desvalorizou a questão, dizendo que para o BPN o Fundo Homeland era um "projecto de Duarte Lima. Andava tudo à volta de Duarte Lima. O resto era secundário", observou.

Oliveira e Costa admitiu ao colectivo que já conhecia Duarte Lima e que tinha estado na casa deste no Algarve e em Lisboa, mas rejeitou que fosse seu amigo chegado, embora tivesse por ele grande admiração pela sua luta contra a doença da leucemia.

Oliveira e Costa disse desconhecer que, na altura em que o BPN concedeu o empréstimo para o fundo Homeland, Duarte Lima tinha uma conta negativa de 250 mil euros há mais de seis meses.

Garantiu também que não sabia que o projecto Homeland, validado por um empréstimo do BPN, fora anteriormente recusado por um outro banco: o BCP.

A inquirição de Oliveira Costa ficou também marcada por alguns desabafos, que foram desde a frase "eu fui o último a saber" até "hoje sei que fui um ingénuo colossal, pois acreditava nas pessoas. Eu não sou deste mundo".