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Portugal recebeu nove milhões de euros por dia durante 25 anos

10 set, 2013 • Ana Carrilho

Entre 1986 e 2011, chegaram ao nosso país 81 mil milhões de euros dos fundos europeus.

Com a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia começou a chegar o dinheiro dos fundos de coesão. O país desenvolveu-se com as ajudas comunitárias mas, ao fim de quase três décadas, quase todos pensam que este dinheiro nem sempre foi usado de forma mais eficaz.

De acordo com as contas do estudo “25 anos de Portugal Europeu”, coordenado por Augusto Mateus, nos primeiros 25 anos de integração, o país recebeu da Europa nove milhões de euros por dia. Ou seja, 81 mil milhões de euros entre 1986 e 2011. No fim deste ano, quando terminar o Quadro Referência Estratégica Nacional (QREN), pode atingir os 96, 7 mil milhões de euros. Contando com a comparticipação nacional, pública e privada pode chegar aos 178 mil milhões.

Muito dinheiro, mas será que foi bem aplicado? É verdade que o país evoluiu e apostou muito no desenvolvimento de infra-estruturas. Se calhar demais, dizem alguns quando olham para os três mil quilómetros de estradas construídas, algumas delas, agora quase desertas. A política de betão levou grande parte do dinheiro que devia ter ido para investimento produtivo. Os cursos de formação profissional sucederam-se mas, em muitos casos, completamente desadequados das necessidades do mercado de trabalho. Além dos muitos milhões desviados para fins menos lícitos e que se perderam num poço sem fundo.

Numa primeira fase, os fundos apoiavam projectos individuais e nem todos tinham pernas para andar. As correcções começaram a ser feitas no fim do século XX e os fundos começaram a chegar às regiões que mais precisavam deles. Afastaram-se de Lisboa e do Vale do Tejo, a região mais populosa mas também a mais rica. Com o QREN, dois em cada três euros que chegam a Portugal vão para as regiões do Norte e Centro. Juntando o Alentejo, são quatro em cada cinco euros.

Vivemos melhor do que em 1986 mas ainda há uma boa parte de Portugal a precisar de ajuda para continuar a crescer.

Os fundos estruturais e de coesão, os benefícios que trouxeram para Portugal, a forma como foram usados são algumas das questões em debate no 2º Encontro “Presente no Futuro”, sob o tema “Portugal Europeu. E agora?” que vai ser ter lugar no próximo fim de semana em Lisboa, organizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.