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Passos garante acordo "sólido" onde poder de Portas sai reforçado

06 jul, 2013 • Carlos Calaveiras

Líder do CDS-PP, que permaneceu em silêncio durante a declaração, fica no Governo e passa a vice-primeiro-ministro com responsabilidade para coordenar as políticas económicas e vai supervisionar as negociações com a “troika”.

Passos garante acordo "sólido" onde poder de Portas sai reforçado
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, assegura que PSD e CDS alcançaram um “acordo sólido e abrangente” que garante a “estabilidade” até ao fim da legislatura. Numa declaração sem direito a perguntas num hotel de Lisboa, Passos Coelho confirmou que Paulo Portas vai ter poderes reforçados e ser vice-primeiro-ministro com a responsabilidade de coordenar as políticas económicas, supervisionar as negociações com a “troika” e apresentar a reforma do Estado.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, assegura que PSD e CDS alcançaram um “acordo sólido e abrangente” que garante a “estabilidade” até ao fim da legislatura.

“Queremos garantir estabilidade e confiança” até porque o “interesse nacional tem prioridade” e é preciso “ultrapassar esta situação de forma consistente e duradoura”, disse.

Numa declaração sem direito a perguntas num hotel de Lisboa, Passos Coelho confirmou que Paulo Portas vai ter poderes reforçados e ser vice-primeiro-ministro com a responsabilidade de coordenar as políticas económicas, supervisionar as negociações com a “troika” e apresentar a reforma do Estado.

Outra certeza deixada pelo primeiro-ministro é que Maria Luís Albuquerque vai mesmo ser ministra de Estado e das Finanças, apesar das críticas de Portas, que levaram à sua carta de demissão. Passos Coelho confirmou ainda que o seu Governo vai ter ainda “outras alterações”, mas não as divulgou porque têm ainda que passar pelo Presidente da República.

Vai entrar-se numa nova fase de governação – acrescenta o também líder do PSD – que “coincida com a viragem económica de que há já sinais consistentes” e que vai dar “prioridade do crescimento e do emprego”.


Partidos juntos para as europeias
“Comprometemo-nos a apresentar manifesto comum, em que o crescimento e o combate ao desemprego sejam prioridade”, disse Passos Coelho que deixou ainda outra novidade: os dois partidos vão avançar conjuntos para as eleições europeias em 2014.

“Com a renovação deste nosso compromisso, vamos dar ainda mais atenção à coesão social para não deixar ninguém para trás”, acrescenta.

Nesta declaração de cerca de sete minutos, só Passos Coelho falou. Paulo Portas ficou em silêncio ao lado do primeiro-ministro.

Esta reunião realiza-se após o primeiro-ministro ter apresentado ao Presidente da República, Pedro Passos Coelho, na sexta-feira ao final do dia, um "entendimento político alcançado com o líder do CDS-PP" para assegurar a continuidade do Governo de coligação, na sequência do pedido de demissão de Paulo Portas do cargo de ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, na terça-feira.

Estiveram presentes sete dirigentes de cada partido, para além de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.


Semana da crise política
A crise começou com a demissão do ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, na segunda-feira.

No dia seguinte, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros também se demitiu. Paulo Portas, que tinha subido a número 2 da hierarquia do Governo com a saída de Vítor Gaspar, anunciou que discordava da escolha de Maria Luís Albuquerque para ministra das Finanças, por considerar que se trata de uma opção de "continuidade". O líder do CDS disse que pretendia um caminho "diferente".

Na resposta, e durante uma declaração ao país, Passos Coelho afirmou que não estava à espera desta decisão. O primeiro-ministro revelou ainda que não aceitou a demissão de Paulo Portas, motivo pelo qual não apresentou a Cavaco Silva a exoneração do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. "Numa democracia madura, um Governo de coligação que goza do apoio de uma forte maioria dos representantes do povo não pode ser posto em causa a não ser por divergências de enorme gravidade."

[actualizado às 20h01]