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Antigo ministro considera “urgente” a reestruturação do ensino superior

29 mai, 2013

"A propósito da actual conjuntura do país e da necessidade de reformas estruturais, não apenas no ensino superior, Veiga Simão argumentou que o Estado, "está desfigurado".

O antigo ministro da Educação, José Veiga Simão, considerou "urgente e necessária" a reestruturação do ensino superior em Portugal, mas defendeu que esta não pode ser baseada em "medidas circunstanciais" adoptadas pelo Governo.

"Naturalmente que a reestruturação do ensino superior é urgente e necessária. Foram criados cursos 'had-hoc' e criadas muitas instituições que realmente não têm sentido", disse.

Mas, segundo o antigo ministro e professor jubilado da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, "uma coisa" é racionalizar esse panorama, "outra coisa é tomar medidas circunstanciais".

José Veiga Simão falava aos jornalistas na Universidade de Évora, à margem da conferência "1973-2013: 40 anos de vida universitária e os novos desafios", que decorre ao longo do dia na academia alentejana.

Questionado pelos jornalistas sobre a nova proposta do Governo de regulamentação do número de vagas nos cursos superiores e determinação das condições para a sua criação, no próximo ano, o antigo governante lançou um desafio: "Senhor Governo mostre os estudos que fundamentam as vossas decisões", exortou. A propósito da actual conjuntura do país e da necessidade de reformas estruturais, não apenas no ensino superior, Veiga Simão argumentou que o Estado, "está desfigurado".

Isto deve-se, acrescentou, "a várias vicissitudes", mas também porque o Estado, "não sendo inteligente, decapitou todos os seus gabinetes de estudos e compra estudo lá fora por verbas vultuosíssimas".

"Com os gabinetes de estudos que foram, na prática, extintos, os governos estão capturados", pelo que recorrem "a circunstâncias baseadas em engenharias estatísticas pré-definidas", afirmou. Mas, frisou, "isso não são estudos e é um insulto à inteligência universitária".

"Fala-se muito nas gorduras do Estado. O pior de tudo são os implantes gordurosos que os partidos ali colocaram e que se traduzem em realidades onde até a corrupção é uma legalidade democrática", criticou ainda.