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Menos incêndios no Verão devido à chuva de Inverno

22 abr, 2013 • Olímpia Mairos

Além de atrasar a época de incêndios, a chuva que caiu aumenta a humidade nos solos e diminui os riscos de ocorrências. As previsões positivas para este ano não descuram um melhor planeamento na prevenção e combate dos fogos.

A chuva intensa que se verificou neste Inverno/Primavera pode significar menos incêndios e menor área ardida no Verão que se aproxima, prevê o investigador em fogos florestais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Paulo Fernandes.

“Por um lado não arde no Inverno e, no Norte, por vezes, há uma época de fogos Inverno/Primavera; por outro lado, quando chega o Verão, a vegetação ainda está num estado de humidade, que não é muito favorável à propagação dos fogos”, explica.

O especialista do Departamento de Ciências Florestais da UTAD adianta que a tendência este ano, mediante as condições atmosféricas verificadas até ao momento, é que a área ardida seja inferior à média verificada no Centro e Norte do país.

Apesar disso, Paulo Fernandes ressalva que a “actividade de fogos e a área ardida depende mais das condições meteorológicas e de seca que se fazem sentir no Verão do que das condições antecedentes”.

Mais e melhor planeamento
Os últimos dois anos, em termos de condições climatéricas, em Portugal, são considerados excepcionais. Em 2012, foi a seca e o calor; este ano, a chuva intensa. “A tendência é para uma variação cada vez maior, devido às alterações climáticas”, alerta o investigador, considerando que o “grande desafio que se coloca ao país é o planeamento”. 

E em Portugal não está a ser feito da maneira mais correcta, considera Paulo Fernandes: “É muito rígido. Define-se uma época de incêndios todos os anos e depois há uma série de procedimento relativamente rígidos, que não é o que se passa em outros países”. 

"Planear todas as operações de prevenção e combate de incêndios, de forma a enfrentar esta cada vez maior variabilidade na meteorologia e no clima”, é fundamental, sublinha Paulo Fernandes, que, por isso, defende um “planeamento de curto/médio prazo, em que os procedimentos vão sendo ajustados à medida que as condições vão mudando”.

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), sediada em Vila Real, investiga os incêndios de forma contínua desde 1983. Neste momento, está envolvida no FireGlobulus, projecto que visa estudar a viabilidade do uso do fogo controlado em eucaliptal e criar o suporte científico necessário ao seu desenvolvimento tecnológico.