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Congresso vira página na liderança da UGT

20 abr, 2013 • Ana Carrilho

Secretário-geral João Proença despede-se depois de mais de três décadas de sindicalismo activo. Vai ser substituído por Carlos Silva.

Começa eset sábado, em Lisboa, o 12º Congresso da UGT, que vai ficar marcado pela mudança de líder. João Proença, secretário-geral da central sindical durante 18 anos, cede o lugar ao bancário Carlos Silva.

João Proença despede-se depois de mais de três décadas de sindicalismo activo, mas ainda vai continuar na Gago Coutinho mais uns meses para passar a pasta ao novo líder.
 
Há quatro anos, João Proença queria sair, mas, sem sucessor, acabou por continuar. No entanto, nesse congresso fez aprovar uma alteração aos estatutos que determinou que o mandato não seria renovado.

Ainda assim, João Proença, um engenheiro químico, que há mais de 30 anos foi um dos fundadores do Sindicato da Administração Pública (SINTAP), reconhece que vai sair da UGT num momento muito complicado para o país, para os trabalhadores e para a central.

A liderança efectiva iniciada em 1995 não foi isenta de obstáculos. Por exemplo, a substituição de uma personalidade carismática como Torres Couto ou a herança do processo da UGT com dinheiros do Fundo Social Europeu, que se prolongou por 20 anos e que delapidou a imagem e as finanças da central.

Esta semana João Proença esteve, pela última vez, numa reunião da comissão permanente da Concertação Social, órgão em que participou desde que foi criado nos anos 80.

Acérrimo defensor do diálogo social, sempre o privilegiou em detrimento da acção na rua, mais colada à imagem da CGTP. Aliás, Proença não foge à fama de falar mais facilmente com ministros e patrões do que com os trabalhadores.

Ao longo destes anos a UGT assinou vários acordos de concertação com governos do PS, PSD ou em coligação PSD/CDS. O último foi há pouco mais de um ano, com Pedro Passos Coelho e não foi pacífico, dentro e fora da organização sindical. O ainda secretário-geral continua a defendê-lo, com o argumento de que sem acordo e as restrições impostas pela “troika”, ainda seria pior para os trabalhadores portugueses.

Quem não se convence é a CGTP que respondeu com inúmeras lutas e uma greve geral, em que também participaram alguns sindicatos da UGT.

Em Novembro de 2010 e 2011 as duas centrais uniram-se para contestar as políticas dos governos de José Sócrates e depois de Passos Coelho com duas greves gerais. Mas quando Arménio Carlos substituiu Carvalho da Silva na CGTP, as relações ao nível da cúpula das duas centrais degradaram-se. Subsiste a unidade na acção que tem dado frutos, sobretudo nos transportes.

Uma situação que Carlos Silva quer mudar. Já desafiou o líder da CGTP, Arménio Carlos para o diálogo e para a tentativa de encontrarem pontos de convergência.