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Despacho de Gaspar parece feito "por quem nunca geriu nada"

10 abr, 2013

Reitor da Universidade do Porto mostra-se bastante crítico face ao documento do ministro das Finanças que proíbe todos os ministérios de contrair despesa. "Quando isto é feito de uma maneira cega, é óbvio que cada um vai começar a pedir excepções. Imagine o que é agora toda a gente a pedir autorização para comprar um lápis."

O reitor da Universidade do Porto, Marques dos Santos, mostra-se espantado com o despacho publicado na terça-feira pelo ministro das Finanças e alerta que se a intenção do Governo é paralisar o país, está a conseguir.

"Este despacho vem causar problemas enormes, sobretudo porque parece que é por tempo indefinido. Esquecem-se que as instituições têm de funcionar. Estes pareceres parece que são feitos por quem nunca geriu nada", critica, em declarações à Renascença.

Marques dos Santos diz que, no caso da instituição de ensino que dirige, "todos os dias precisamos de adquirir materiais de laboratório, alimentos para as cantinas e isto vai começar a provocar a paragem de alguns serviços". "Não há outra alternativa. Se é isso que pretendem, acho que estão a atingir os objectivos: paralisar o país."

Ontem, um despacho do ministro Vítor Gaspar ordenava a suspensão de toda a despesa dos Ministérios e serviços públicos. As excepções dependem da autorização do Ministério das Finanças.

O reitor da maior universidade do país antecipa problemas gravíssimos no funcionamento das instituições de ensino superior e diz que, a partir de agora, vai ser um inferno, com “toda a gente a pedir autorização para comprar um lápis ou batatas ao Ministério das Finanças”.

“É caricato”, conclui, criticando ainda a “maneira cega” como a decisão foi tomada.

As preocupações de Marques dos Santos que se estendem a todas as universidades públicas do país. Ontem, em comunicado, o reitor da Universidade de Lisboa acusou o Governo de fechar o país.