Emissão Renascença | Ouvir Online

Professores à beira do colapso num país que está a desinvestir na Educação

21 mar, 2013

Estudo europeu revela que Portugal está entre os países que mais cortam no orçamento da educação. Foi também um dos 11 países que baixou o salário dos professores.

Professores à beira do colapso num país que está a desinvestir na Educação
"Os professores estão no limite da resistência psicológica." O alerta parte de um ex-ministro da Educação e antigo presidente do Conselho Nacional de Educação, Júlio Pedrosa, em reacção à proposta do Governo de colocar em regime de mobilidade especial, no próximo ano, os professores com horário zero.

"Quem tem andado pelas escolas, conversado com os professores e visto o que se passa, vê que os professores estão no limite da sua resistência psicológica. É preciso pensar naquilo que tem sido o ambiente nas escolas nos últimos sete ou oito anos. Tem havido mudanças muito significativas, que afectam a vida dos professores. Os professores são seres humanos. Não se pode pôr à frente apenas objectivos que satisfazem critérios de outros", contesta Júlio Pedrosa, em declarações à Renascença.

O Ministério da Educação anunciou também aos sindicatos a intenção de alargar a área de colocação dos professores, reduzindo para sete as regiões administrativas. Júlio Pedrosa questiona algumas das decisões e alerta para os seus impactos.

"Mexer nas escolas e nos professores, o que vai ter um impacto muito forte e dramático na vida das pessoas, parece-me que devia ser arredado completamente. Estamos a assistir a tomada de decisões que, no mínimo, são precipitadas", considera Júlio Pedrosa. 

Corte de 5% na Educação
Portugal está entre os países que mais cortam no orçamento da Educação. Devido à crise, o investimento do país neste sector caiu mais de 5%, revela um estudo divulgado esta quinta-feira em Bruxelas pela Comissão Europeia.

O estudo abrange 25 países e mostra que nove Estados-membros da União Europeia (UE) reduziram o investimento. Além de Portugal, Grécia, Hungria, Itália e Lituânia aplicaram cortes acima dos 5% nos orçamentos da Educação.

Na Estónia, na Polónia, em Espanha e no Reino Unido (Escócia), os cortes foram entre 1% e 5%. Por outro lado, Áustria, Dinamarca, Luxemburgo, Malta, Suécia e Bélgica (comunidade germanófona) aumentaram o investimento em mais de 1%.

O estudo analisou o financiamento em todos os níveis de ensino, desde a educação pré-escolar ao ensino superior, em 35 sistemas educativos nacionais e regionais.

Quanto a salários e subsídios dos professores, baixaram ou foram congelados em 11 países em 2011 e 2012: Bulgária, Croácia, Estónia, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Portugal e Espanha. Os salários representam mais de 70% dos orçamentos para a educação.

Os cortes provocaram também uma redução do número de docentes em 10 Estados-membros (Bulgária, Chipre, Estónia, França, Itália, Letónia, Lituânia, Portugal, Roménia e Reino Unido), para a qual contribuiu ainda o menor número de alunos.