05 fev, 2013
O presidente da Internacional Socialista e ex-chefe do Governo grego, Georges Papandreou, considera que Portugal foi "muito mais uma vítima" da crise internacional do que a Grécia e defende a introdução de reformas e a monitorização da banca como soluções para as dificuldades que se vivem na Europa.
"Portugal é muito mais uma vítima da crise internacional e da crise do euro, porque não teve o tipo de dívidas e de défice que a Grécia teve", disse Georges Papandreou em entrevista à Lusa.
Para o antigo primeiro-ministro grego, a solução para a crise económica e financeira da Europa não pode ser "simplesmente a austeridade". "Precisamos do apoio da União Europeia para acalmar os mercados, fazer reformas, ser mais competitivos e assim lidar com as dívidas. Mas a União Europeia fez o contrário: pediu para se resolver o défice primeiro e só mais à frente fazer as reformas e isto criou grandes problemas sociais."
Para o actual presidente da Internacional Socialista, a Europa deve ter respostas para o crescimento. Nesse sentido, defende os "eurobonds" e o investimento "em grandes projectos sustentados, como a ligação ferroviária entre Portugal e Espanha", a energia verde e a criação de empregos.
"Não se trata apenas de um problema entre os países que estão sob o programa de ajustamento financeiro e a Alemanha. Temos de convencer toda a gente que este é um problema comum, não apenas dos países que foram atingidos por causa da falta de confiança, mas de toda a zona euro", disse ainda o ex-primeiro-ministro de um governo do PASOK.
"Temos um Banco Central que não é activo. O problema é Europeu, mas as ferramentas são ao nível nacional e as pessoas sentem que um euro em Portugal e na Grécia é diferente de um euro na Alemanha", afirmou ainda Papandreou, que sublinhou a necessidade de "monitorização" da banca. "Nós não temos uma política comum sobre o sistema bancário, apesar de termos a mesma moeda e isto cria problemas", concluiu.
Georges Papandreou, que preside à Internacional Socialista (cujo conselho se realiza desde segunda-feira em Cascais), foi primeiro-ministro de um governo do PASOK entre Outubro de 2009 e Novembro de 2011. Acabou por se demitir, dando lugar a um governo de coligação.