A receita do FMI para cortar quatro mil milhões na despesa
09 jan, 2013
Reduzir o número de funcionários públicos, cortar nos salários, na educação, na saúde e nas forças de segurança, bem como, ainda mais, no Estado Social são as principais medidas enunciadas pelos especialistas. Contactado pela Renascença, gabinete do primeiro-ministro não faz comentários.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) já tem a receita para cortar quatro mil milhões de euros. São vários os caminhos para a reforma do Estado, mas as medidas que já se encontram na mesa do primeiro-ministro são dolorosas e muitas delas radicais.
O relatório que o Governo encomendou ao FMI para desenhar a refundação do Estado tem 80 páginas cheias de medidas que, dizem os especialistas, vão aumentar a eficiência do Estado e reduzir a sua dimensão.
Na lista de recomendações está a redução de funcionários públicos, o corte nos salários, na educação, na saúde e nas forças de segurança, ao que se acrescenta mais cortes no Estado Social.
O Fundo considera que o sistema de protecção social é demasiado dispendioso e injusto, sobretudo, para os mais jovens, uma vez que privilegia as reformas.
Neste campo, o FMI recomenda cortes nas pensões até 20% e a subida da idade da reforma.
Além disso, considera que o subsídio de desemprego continua demasiado longo e garante que o máximo de 1045 euros de subsídio desincentiva a procura de trabalho.
Na área da educação, o relatório, cujo conteúdo é avançado esta quarta-feira pelo “Jornal de Negócios” e já está nas mãos de Passos Coelho, sugere a dispensa de 50 mil professores, o que iria permitir poupar até 710 milhões de euros.
Na saúde, o Governo ainda tem margem para voltar a subir as taxas moderadoras, sendo que outra ideia para a reforma do sector é reduzir o leque de cuidados essenciais assegurados pelo Estado.
As forças de segurança também não são poupadas aos cortes. O FMI diz que os militares e os polícias têm regalias excessivas e propõe a integração do subsistema de saúde no Serviço Nacional de Saúde.
Resta aguardar pela resposta do Governo às medidas propostas. Contactado pela Renascença, o gabinete do primeiro-ministro não quis fazer comentários.