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Recado do FMI pode ser aproveitado por Portugal. Mas é preciso querer

09 nov, 2012

FMI advertiu os países sob resgate para os efeitos sociais das medidas de austeridade e cabe agora às autoridades portuguesas aproveitar, ou não, diz o presidente do Conselho Económico e Social.

Recado do FMI pode ser aproveitado por Portugal. Mas é preciso querer
Vai ser muito difícil a “troika” tomar a iniciativa de alterar os termos do acordo de ajuda financeira a Portugal, pelo que vão ter de ser as autoridades portuguesas a aproveitar a deixa do Fundo Monetário Internacional (FMI), se assim o quiserem.

“O FMI percebeu que o programa que está a ser implementado em Portugal tem erros de concepção à partida. Se as autoridades portuguesas entenderem que o programa está bem como está, não é da parte deles que vai haver agora proposta de alteração”, defende o presidente do Conselho Económico e Social (CES), Silva Peneda.

Em declarações à Renascença, sublinha que “há mais flexibilidade por parte do Fundo Monetário Internacional e mais rigidez da União Europeia”.

O mesmo defende o antigo governador do Banco de Portugal Silva Lopes, para quem a posição assumida pelo FMI de pouco vale face à intransigência alemã.

“O facto de o FMI ter essas posições, mostra que há quem veja o que se está a passar. A Alemanha, que dita as posições da parte europeia, porque fornece a maior parte do dinheiro, não quis, até aqui, flexibilizar nem um centímetro. Do lado europeu, era donde devíamos estar a receber mais apoio, não era do FMI, mas infelizmente é ao contrário”, sustenta.

Em nota divulgada na última noite, o FMI (que integra a “troika” com o Banco Central Europeu e a União Europeia) alertou que as medidas de austeridade aplicadas em Portugal e na Grécia podem tornar-se social e politicamente insustentáveis.