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Miguel Beleza considera inevitável cortar mais na saúde e na educação

25 out, 2012

Antigo ministro das Finanças defende que, a haver mais cortes como sugere o FMI, não devem ser feitos pelo lado das prestações sociais.

Miguel Beleza considera inevitável cortar mais na saúde e na educação
O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu cortes adicionais na despesa e o economista Miguel Beleza aponta a saúde e a educação como dois sectores a mexer, incluindo os salários dos professores.

“Sei que as pessoas não gostam de ouvir, mas temos muitos professores e são muito bem pagos”, sublinha o ex-ministro das Finanças em declarações à Renascença.

O FMI indica que a redução da despesa pode ser feita, nomeadamente, através de um maior controlo nos orçamentos das empresas públicas.

Sobre o Governo ter recuado, na quarta-feira à noite, no corte de 10% do valor mínimo do subsídio de desemprego, Miguel Beleza defende que os sucessivos avanços e recuos podem pôr em causa o próprio Executivo.

“Se todas as semanas tivermos um avanço ou um recuo importante, aí começo a ficar inquieto, porque acho que é mau estar agora a mudar de Governo seja qual for a cor do próximo”, argumenta.

O antigo ministro das Finanças considera que não está “irremediavelmente afastada a hipótese de estabilidade até ao fim da legislatura", mas adianta que o futuro "está, sobretudo, nas mãos do próprio Governo”.

Miguel Beleza recorda, a propósito, a atitude do CDS depois da apresentação do Orçamento do Estado para 2013: “Estes pequenos truques de dizer ‘eu final gosto do Orçamento mas não gosto assim muito, mas vou estar calado’ - o conhecido silêncio ensurdecedor - assim, de facto, ao fim de algum tempo, estabelece-se desconfiança dentro do Governo, fora do Governo e, portanto, aí não dura”.

No comunicado sobre o processo da quinta revisão do memorando de entendimento com Portugal, divulgado na quarta-feira à noite, o FMI sublinha o que diz serem os progressos significativos no ajustamento económico em Portugal, mas identifica riscos que podem pôr em causa as metas traçadas.