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Que efeitos para Portugal se Espanha pedir o resgate?

02 out, 2012

Empresas podem sentir efeitos da contracção do mercado interno espanhol, mas há quem considere que a indústria exportadora não será tão afectada.

Que efeitos para Portugal se Espanha pedir o resgate?

Os rumores de que Espanha está prestes a pedir um resgate financeiro são encarados com alguma apreensão pelos empresários portugueses, mas o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), que se encontra em Espanha, mostra-se tranquilo.

“Sem me concentrar no tema do resgate, a percepção que levo aqui de Espanha é uma focagem total da economia espanhola na sua internacionalização. Quanto mais Espanha tiver desafios e condições para procurar novos mercados e reforçar a sua solvabilidade como economia global, mais Portugal vai beneficiar desse aspecto”, afirma Pedro Reis, em declarações à Renascença.

“Há aqui um espaço enorme para as empresas portuguesas coserem parcerias com as empresas espanholas. Pode ser um comboio para que as empresas portuguesas também podem contribuir e isso pode atenuar os efeitos de um abrandamento em Espanha”, defende ainda.

Opinião semelhante tem o director adjunto do semanário “Expresso”, João Vieira Pereira, para quem a indústria exportadora vai estar mais a salvo de eventuais efeitos negativos.

“Há toda a parte da indústria exportadora espanhola que se alimenta das exportações portuguesas para Espanha e essa parte não terá grande impacto, porque a indústria exportadora espanhola também se está a comportar muito bem, tal como a portuguesa”, sustenta o especialista em assuntos económicos.

“As empresas que vão ser mais afectadas são as que alimentam o mercado interno espanhol, que se está a contrair e vai contrair-se nos próximos anos e este pedido de ajuda não vem ajudar em termos daquilo que é o andamento desse mercado”, adianta.

Mais cauteloso mostra-se o dirigente da Associação Industrial Portuguesa Henrique Neto, para quem “a parte mais grave será as nossas exportações estagnarem ou reduzirem-se”.

“Os espanhóis vão passar um período de grande contenção e o mercado interno espanhol vai contrair-se, e provavelmente mais brutalmente que o nosso, dado que o desemprego é muito superior. É evidente que a situação em Espanha vai ter repercussões, até ao nível do emprego, porque há muitos portugueses que vão, quer sazonalmente quer em permanência, para Espanha”, refere ainda o também membro da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (Sedes), em declarações à Renascença.

Esta terça-feira, a iminência do pedido de resgate de Madrid levou as bolsas europeias a abrir retraídas. Portugal teve um início de sessão quase inalterado.