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“Portugueses aceitam sacrifícios quando os entendem”

18 set, 2012

António Pires de Lima considera que os portugueses estão preparados para mais austeridade, desde que compreendem o sentido das medidas.

“Portugueses aceitam sacrifícios quando os entendem”
António Pires de Lima considera que os portugueses estão preparados para mais austeridade, desde que compreendem o sentido das medidas. Já Vítor Bento, presidente da SIBS, salienta que ainda não foi apresentada nenhuma medida que promova especificamente o crescimento e argumenta que se devia estar a discutir a eficácia das alterações na TSU propostas pelo Governo.
O presidente da Unicer e militante do CDS sustenta que os portugueses estão preparados para mais austeridade se entenderem que ela é justa.

“O povo português é absolutamente extraordinário. A forma como aceita sacrifícios, quando os entende, é quase única na Europa Ocidental. Acho que esse capital não se deve perder. Penso que os portugueses estão preparados para mais austeridade se sentirem o objectivo dessa austeridade e se perceberem que é justa", sublinha, à margem de uma conferência sobre Competitividade e Crescimento, que decorreu hoje em Lisboa.

Mas isso não equivale a uma carta-branca para o Governo, alerta: “Agora, ninguém está preparado para fazer sacrifícios perpetuamente se não perceberem o sentido dos mesmos”. 

No mesmo evento Paulo Azevedo, CEO da Sonae, reafirmou que a descida da TSU para as empresas é má para o sector da distribuição. “É impossível avaliar o mérito desta medida olhando para uma empresa que está em grande parte dependente do consumo português, porque esta medida não é destinada a essas empresas, para elas obviamente a medida é má, porque o consumo retrai enormemente.”

Garante que se a medida avançar a Sonae vai perder dinheiro. "Em todas as análises que vi feitas, o saldo não é positivo, é negativo. Sou bombardeado com perguntas, sobre o que vou fazer com a poupança, mas com esta medida não há poupança nenhuma, pelo contrário”.

Por sua vez, Vítor Bento da SIBS, entidade que gere a rede multibanco, garantiu que o processo de ajustamento financeiro português é mais suave do que está a ser feito noutros países. “A Letónia perdeu 20% do PIB, a Estónia 17,5%, a Grécia 17,5, a Lituânia 13,6%, a Irlanda 10%, a Eslovénia 18%. A própria Espanha que ainda agora está a começar o ajustamento, já perdeu 5%. Apesar de tudo, face a outros, cujos desequilíbrios não eram tão graves como os nossos, o nosso ajustamento tem sido mais suave”, afirmou.