21 ago, 2012
A situação é inédita. Por causa da crise na construção, e pela primeira vez em Portugal, o número de homens desempregados supera o das mulheres.
Francisco Madelino, ex-presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), apenas encontra uma explicação: a crise do sector da construção. "Segundo os dados do próprio INE, o emprego na actividade da indústria e da construção civil diminuiu em cerca de 137 mil pessoas. [Ou seja,] um em cada cinco desempregados estão ligados ao sector da construção."
Actualmente a leccionar no ISCTE, Francisco Madelino diz, em entrevista à agência Lusa, que a inversão acontece por uma crise económica atípica.
"Em situações económicas normais, as mulheres são sempre aquelas que sofrem o primeiro impacto do desemprego, porque têm mais contratos a prazo e o tipo de actividades que desenvolvem estão muito ligadas a actividades nas margens da produção, em que os contratos são mais precários", explica.
"Só que num segundo nível, atendendo à intensidade e às características da crise que a economia portuguesa atravessa, há sectores industriais, mas sobretudo a construção civil, onde está a grande justificação" para o aumento do desemprego nos homens, considera o ex-presidente do Instituto do Emprego.
De acordo com os dados mais recentes do IEFP, em Julho registou-se um aumento de 31,4% dos homens inscritos nos centros de emprego face a igual mês do ano passado. Nas mulheres, o aumento foi de 19,5%.
Os dados do IEFP confirmam as últimas estatísticas do Instituto Nacional de Estatística (INE), que registaram no segundo trimestre uma taxa de desemprego masculina de 15,1%, acima dos 14,9% nas mulheres.
A taxa de desemprego em Portugal era de 15% no segundo trimestre deste ano. O Governo prevê uma média de 15,5% até ao final do ano.