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Bruxelas quer que Portugal distribua o "fardo" dos sacrifícios

17 jul, 2012 • Daniel Rosário

Comissão alerta para um eventual aumento da tensão social, devido à subida do desemprego. Bruxelas refere ainda que o Governo pondera um corte da taxa social única, no âmbito do orçamento do próximo ano.

Bruxelas quer que Portugal distribua o "fardo" dos sacrifícios
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O aumento do desemprego pode pôr em causa o consenso político em torno do cumprimento do programa de ajustamento português. Por isso, Bruxelas quer que o Governo se esforce ao máximo para distribuir o fardo dos sacrifícios de uma forma equitativa.

Este alerta consta do relatório da Comissão Europeia sobre a última missão da “troika” em Lisboa, que considera que o referido consenso, que junta a coligação governamental e o maior partido da oposição, é uma condição indispensável para garantir que Portugal recupera a confiança da comunidade internacional e dos investidores.

A “troika” tem razões para estar preocupada em relação ao aumento significativo do desemprego, que, segundo as suas próprias previsões, vai continuar a piorar e atingir os 15,8% em 2013, quase dois pontos percentuais acima do esperado em Fevereiro - números que têm um efeito social e político, mas também orçamental, ao aumentar as despesas do Estado e a agravar o défice.

A maior perda de postos de trabalho registou-se entre o final de 2011 e início de 2012, quando em apenas seis meses foram destruídos 200 mil postos de trabalho, a maioria dos quais no sector da construção. A manufactura, a agricultura, a hotelaria, a restauração e o comércio foram os outros sectores mais afectados.

De acordo com a Comissão, o Governo pondera, no âmbito do orçamento do próximo ano, um corte da taxa social única, limitado a jovens e trabalhadores com rendimentos mais baixos, que deverá ter uma dimensão de 0,5% do PIB (cerca de 850 milhões de euros). Se a medida avançar, Bruxelas diz que o corte terá de ser compensado.