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Presidente do Parlamento Europeu nega ter dito que o futuro de Portugal é o declínio

09 fev, 2012 • Daniel Rosário

Porta-voz de Martin Schulz afirma à Renascença que as palavras que causaram polémica referiam-se a toda a Europa e não apenas a Portugal.

Presidente do Parlamento Europeu nega ter dito que o futuro de Portugal é o declínio
"Passos Coelho pediu mais investimento em Portugal porque Angola tem muito dinheiro. Este é o futuro de Portugal: o declínio, o perigo social, se não percebermos que em termos económicos - e sobretudo com o nosso modelo democrático e estabilidade económica - só temos hipóteses dentro da União Europeia." São as palavras do presidente do Parlamento Europeu que estão a causar polémica. O próprio já "twitou" que nunca criticou o primeiro-ministro nem quis interferir na política externa portuguesa.
Armin Machmer, que é porta-voz do presidente do Parlamento Europeu, confirma à Renascença que Martin Schulz utilizou o termo “declínio”, mas "para se referir à Europa e não a Portugal". 

O porta-voz do presidente do Parlamento Europeu confirma igualmente a referência a Portugal, mas apenas como “exemplo do enfraquecimento e declínio a que a União Europeia fica exposta quando os seus membros são obrigados a agir de forma individual”.

Armin Machmer considera que as notícias vindas a lume na imprensa portuguesa representam “uma distorção” das palavras de Schulz e que “acabam por dar um sentido completamente diferente à substância do seu discurso”. As notícias publicadas esta quinta-feira indicam que Martin Schulz, que preside ao Parlamento Europeu, terá dito que o futuro de Portugal é o declínio.

O porta-voz de Martin Schulz sustenta que o presidente do Parlamento Europeu considera que a Europa, caso não seja capaz de agir em conjunto e de forma solidária, arrisca-se a perder terreno para outros continentes e a entrar em declínio. Para sustentar esta visão, diz Armin Machmer, Schulz recorreu ao exemplo de Portugal se ter dirigido a Angola em busca de investimento para enfrentar as actuais dificuldades financeiras.

Depois de ter ouvido esse discurso e de ter falado já esta quinta-feira com o presidente do Parlamento, o seu porta-voz insiste que as palavras de Martin Schulz "não constituíram uma crítica a Portugal, nem uma interferência na condução da política externa portuguesa”.

As afirmações de Schulz foram proferidas a 1 de Fevereiro, durante uma conferência em Bruxelas. “Há umas semanas estive a ler um artigo no Neue Zürcher Zeitung que até recortei. O recém-eleito primeiro-ministro de Portugal, Passos Coelho, deslocou-se a Luanda", começou então Schulz por dizer.

"Passos Coelho apelou ao Governo angolano que invista mais em Portugal, porque Angola tem muito dinheiro. Esse é o futuro de Portugal: o declínio, também um perigo social para as pessoas, se não compreendermos que, economicamente, e sobretudo com o nosso modelo democrático, estável, em conjugação com a nossa estabilidade económica, só teremos hipóteses no quadro da União Europeia”, acrescentou.