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"Subsídios, não. Preços competitivos, sim". O recado do sector leiteiro para Madrid

28 ago, 2015 • Cristina Branco

Associação de Produtores de Leite de Portugal está apreensiva com o plano que vai ser discutido, esta sexta-feira, na capital espanhola, pelos ministros da Agricultura de Portugal, Espanha, Itália e França. Sector defende criação urgente de limites à produção para combater preços mínimos.

"Subsídios, não. Preços competitivos, sim". O recado do sector leiteiro para Madrid
Apreensão. É o sentimento manifestado pelos produtores de leite portugueses face à posição que será adoptada, na reunião dos ministros da Agricultura de Portugal, Espanha, Itália e França, esta sexta-feira, em Madrid, na qual Assunção Cristas pretende alcançar uma "frente conjunta" que permita o desenho de um plano de acção do leite, à dimensão europeia.
 
O plano “já devia ter avançado”, considera a Associação de Produtores de Leite de Portugal (APROLEP), de modo a criar mecanismos alternativos ao fim das quotas leiteiras, com o objectivo de travar o grande problema com que o sector se debate: baixos preços na distribuição devido aos excedentes de produção.
 
“O sector enfrenta, desde a Primavera, a pior situação de que há memória na Europa. Não há memória de preços tão baixos como estamos a ter em Portugal e noutros países europeus”, diz à Renascença o vice-presidente da APROLEP, João Pimenta.
 
“Estamos apreensivos porque não sabemos o que é que os responsáveis desses países (Espanha, Itália e França) podem querer propor à União Europeia (EU)”, explica João Pimenta, defendendo que “seria de bom tom que se voltasse a falar de limites à produção, de criar regras e balizas para que se consiga defender a produção e os produtores de cada país”.
 
Os produtores portugueses receiam que os mecanismos alternativos se limitem a algumas ajudas pontuais. “Os produtores de leite deste país não precisam de subsídios. O que eles precisam é de um preço competitivo que lhes dê margem para trabalhar”, sublinha o responsável da APROLEP.
 
“Temos que pensar seriamente em criar limites de produção. Quando temos uma Europa cheia de leite não faz sentido termos mecanismos para controlar a produção de cada país, incentivos para que os produtores reduzam a produção e aumentem ligeiramente o preço?”, questiona.
 
A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, reúne, ao início da tarde, com os homólogos espanhol, italiano e francês, com vista a encontrar "soluções conjuntas" que possam ser apresentadas na cimeira de ministros da Agricultura da União Europeia, no dia 7 de Setembro, em Bruxelas.