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BES caiu há um ano. Protestos continuam

03 ago, 2015

Solução encontrada foi, na opinião do economista Miguel Teixeira Coelho, a solução possível na altura. Do lado dos clientes lesados, a Federação Nacional do Sector Financeiro (FEBASE) reconhece o carácter pacífico dos mais recentes protestos e admite nova reunião com a administração do Novo Banco.

BES caiu há um ano. Protestos continuam
O império BES caiu há um ano. O império BES caiu há um ano. Para assinalar a data, a sede do Banco de Portugal, em Lisboa, está esta segunda-feira rodeada de cruzes de madeira e cartazes com imagens do governador Carlos Costa e palavras de protesto contra a actuação do governador neste caso.

A 3 de Agosto de 2014, o governador do Banco de Portugal anunciava a medida de resolução para o Banco Espírito Santo e a criação do Novo Banco.

“O Novo Banco continuará a assegurar a actividade até aqui desenvolvida pelo Banco Espírito Santo e pelas suas filiais, tanto em Portugal como no estrangeiro, protegente assim os seus clientes e os seus depositantes. Do ponto de vista dos clientes do Banco Espírito Santo e dos clientes das suas filiais, esta transferência em nada afecta a relação com o banco. A medida de resolução agora decidida pelo Banco de Portugal, e em contraste com outras soluções que foram adoptadas no passado, não terá qualquer custo para o erário público nem para os contribuintes”, garantia Carlos Costa.

Mas 365 dias depois, permanece um manto de incerteza para os clientes que se sentem lesados e continuam as dúvidas sobre o real impacto da decisão sobre os contribuintes.

Na opinião do economista Miguel Teixeira Coelho, a resolução foi, na altura, a melhor possível.

“Recuperava um bocadinho as palavras do Churchill sobre a democracia, que, segundo ele, é o pior de todos os sistemas se exceptuarmos todos os outros. Aqui também aconteceu a mesma coisa. A questão da resolução é a pior de todas as soluções, se exceptuarmos todas as outras. Isto é, parece-me que, quer o governador do Banco de Portugal quer o Ministério das Finanças, estiveram bem ao actuar desta forma, porque se tivessem feito como se fez no caso do BPN o problema para o contribuinte seria verdadeiramente gigantesco”, afirma à Renascença o co-autor do livro “Mercados”, numa entrevista para ouvir com detalhe na “Edição da Noite” desta segunda-feira, a partir das 23h00.

Protestos mantêm-se
Os protestos dos clientes do BES que se sentem lesados são para continuar. Para dia 10, está agendado um protesto nacional. A Federação Nacional do Sector Financeiro (FEBASE) sublinha o carácter pacífico das manifestações, mas diz-se atenta “aos sinais”.

“Se for necessário, voltaremos a pedir uma reunião à administração do Novo Banco, no sentido de tentar perceber se vão ser tomadas algumas decisões” relativas a dia 10, refere à Renascença Carlos Marques, secretário-geral da FEBASE.

O mesmo responsável reconhece que as últimas manifestações têm decorrido de forma ordeira e revela que os funcionários do Novo Banco também têm indicações para colaborarem.

“Temos conhecimento de que existem normas internas no sentido de prevenir eventuais situações, nomeadamente dando indicações aos trabalhadores para que não ofereçam resistência, e há estruturas internas a quem se devem dirigir no caso de haver alguma situação que possa ultrapassar o normal”, afirma.

Do lado da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial do BES, Nuno Lopes Pereira diz à Renascença acreditar que seja encontrada uma solução até às eleições legislativas.