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Têxteis do Norte de Portugal e da Galiza apostados em potenciar futuras parcerias

28 jul, 2015 • Henrique Cunha

As duas regiões querem aproveitar a capacidade de inovação e de actualização do Norte do país e a visibilidade das marcas galegas. Empresários nortenhos disponíveis para fornecer grandes marcas do país vizinho.

Têxteis do Norte de Portugal e da Galiza apostados em potenciar futuras parcerias
Optimizar as cadeias de fornecimento, sem receio de eventuais perigos decorrentes dos têxteis portugueses se tornarem exclusivamente fornecedores das grandes marcas galegas é o principal objectivo dos recentes encontros entre empresários têxteis do Norte de Portugal e empresas da Galiza.

João Rodrigues, um dos responsáveis pela Pedrosa e Rodrigues de Barcelos, acredita que este tipo de iniciativas vai provocar também partilha de conhecimento ao nível tecnológico.

“O que se pode fazer desde o primeiro momento é a optimização das cadeias de fornecimento. Nesta indústria trabalhamos numa lógica de que A fornece B e por aí adiante até que o produto chegue à loja.”

“E, de facto, esse processo pode ser optimizado numa lógica de cluster e nesse sentido o Norte e a Galiza já estão a trabalhar para conseguir passos concretos. Por outro lado, e numa perspectiva mais estratégica, pode-se ainda pensar em criar condições para partilha de conhecimento, para desenvolvimento conjunto de tecnologia de processos e isso será certamente um trabalho de mais médico, longo prazo. Mas iniciativas deste género é que criam a base para que isto possa acontecer.”

Também a empresa Fernando Valente, sediada em Custoias, Matosinhos, acredita nas potencialidades das parcerias Portugal e Galiza.

Fernanda Valente desvaloriza por isso o facto da indústria portuguesa se poder tornar sobretudo fornecedora das grandes marcas galegas.

“As indústrias têxteis portuguesas foram até agora só fornecedoras das grandes marcas espanholas. Quando os espanhóis começam a preocupar-se em tratar os fornecedores tão bem ou melhor do que os clientes deixa de haver esse perigo, porque eles deixam de ter fornecedores.”

“Nós neste momento já estamos a vender um produto especializado. E neste momento a Europa está a produzir o que mais ninguém consegue produzir, porque tem conhecimento, porque tem experiência e porque investiga e gasta montes de dinheiro nesta investigação.”

“Se quisermos comparar com a indústria farmacêutica, por exemplo, nós estamos a fazer desenvolvimentos, estamos a fazer investigação na área têxtil e isso eles não podem ir buscar a mais lado nenhum porque não há ninguém que lho faça, sobretudo porque não ninguém que esteja na disposição de fazer investigação.”

A iniciativa foi promovida pela Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. O seu director-geral, Paulo Vaz, diz ser possível conciliar a competição com a complementaridade.

“A complementaridade é evidente. Do nosso lado, há uma especialização clara na área industrial e produtiva. No caso dos nossos vizinhos galegos, estão fortemente especializados naquilo que é o desenvolvimento dos modelos de retalho na área da moda.”

“Não há qualquer tipo de competição, a complementaridade é quase perfeita e portanto há muito que interligar, há muito que aproveitar e mesmo naquilo que é competição eu diria que podemos aproveitar uns com os outros mais do que propriamente encontrar aí pontos de fricção. Eu diria que tudo joga a nosso favor nesta parceria", conclui.