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Grécia pede mais tempo ao FMI e admite cancelar referendo

30 jun, 2015

Prazo para pagar 1,6 mil milhões de euros termina esta terça-feira. Atenas faz reviravolta e as negociações continuam. Eurogrupo volta a reunir-se de emergência esta quarta-feira.

Grécia pede mais tempo ao FMI e admite cancelar referendo

A Grécia pediu um adiamento até Novembro do pagamento que tinha de fazer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) até ao final desta terça-feira. Em causa está uma prestação de 1,6 mil milhões de euros.

O anúncio foi feito pelo vice-primeiro-ministro, Ioannis Dragasakis, em entrevista à televisão pública, no dia em que o Eurogrupo rejeitou o prolongamento do programa de resgate.

O pedido é baseado numa disposição da Carta do FMI que permite, “a pedido de um Estado-membro” e sem votação, “adiar” a data de um reembolso com um limite de três a cinco anos, que corresponde à duração dos seus empréstimos. Esta possibilidade já foi aplicada duas vezes, em 1992, para a Nicarágua e a Guiana.

O Fundo responde que vai analisar o pedido “na devida altura”, segundo o porta-voz da instituição, Gerry Rice, anunciou em comunicado.

Se o adiamento não for concedido, a Grécia será o primeiro país desenvolvido a entrar em situação de incumprimento.

Referendo em causa
Terça-feira foi um dia cheio de movimentações, com Atenas a fazer mexer mais as águas, que já se apresentam turvas.

Horas antes de pedir o adiamento do pagamento da dívida ao FMI, o ministro grego das Finanças ligou aos seus parceiros europeus para lhes comunicar que Atenas está disposta a cancelar o referendo de domingo se se chegar a acordo. Varoufakis anunciou também aos gregos, através da televisão, a mesma possibilidade.

Antes, tinha sido enviada uma carta ao Eurogrupo, para pedir mais dois anos de financiamento. O Governo grego “continua à mesa das negociações”.

Na carta de uma página, Atenas afirma-se “totalmente comprometida com o cumprimento da sua dívida externa, mas de modo a que assegure a viabilidade da economia grega, o seu crescimento e coesão social”.

Não há qualquer menção às condições que está disposta a aceitar em caso de resposta afirmativa nem, segundo o jornal “Público”, ao montante específico em causa.

São, sim, citadas disposições legais para pedir financiamento por mais dois anos. E garante-se que “o empréstimo será usado em exclusive para cumprir o pagamento da dívida externa e interna”.

“Até que este financiamento entre em vigor, a Grécia pede que o programa de resgate seja estendido pelo Eurogrupo por um pequeno período de tempo, de modo a evitar o incumprimento”.

Mas as últimas propostas gregas chegam demasiado tarde para evitar o incumprimento. Ao não pagar ao FMI, a Grécia perdeu acesso à nova tranche de 1,8 mil milhões de euros e a quase 11 mil milhões para recapitalizar os bancos.

Fica ainda impossibilitada de pagar salários e a sua dívida.


[Notícia actualizada às 7h00 de quarta-feira, com mais dados sobre as propostas]