Pela primeira vez desde há 12 anos, a venda de música em Portugal está a subir. Os dados são da Associação Fonográfica Portuguesa (AFP), que revela que esta é uma tendência que se verificou em 2014 e que se está a consolidar em 2015.
A Apple lançou esta terça-feira o
Apple Music, o mais recente serviço de música em "streaming", semelhante ao já popular Spotify e ao Google Play.
Segundo a AFP, são estas novas formas de consumir as obras musicais, que dispensam o "download", que estão a permitir a retoma no sector.
Miguel Carretas, da AFP, revela à
Renascença que os serviços de audição de música na internet, os chamados serviços de "streaming", "já representam cerca de 60% do mercado digital de música em Portugal".
Em 2014, a escuta em serviços de música igualou, em percentagem, a compra e descarregamento de ficheiros de música. Mas, "em 2015, até ao momento, os dados disponíveis apontam para uma clara superação": ganhou o "streaming".
"Alavancado por esta subida do 'streaming', e do mercado digital em geral, o mercado global está, pela primeira vez desde há 12 anos, a subir. 2014 assistiu a uma ligeira subida. 2015 vem mantendo essa tendência", explica Miguel Carretas.
E este ano há um novo dado. Pela primeira vez, "em alguns meses, como é o caso de Maio", o valor de vendas de música em suporte digital ultrapassou o volume de vendas de música em suporte físico, como é o caso dos CD.
Um novo paradigmaEstes são dados que levam o músico e produtor Tozé Brito, a falar num novo paradigma no consumo de música.
O actual vice-presidente da direcção da Sociedade Portuguesa de Autores e antigo responsável por editoras como a BMG e a Universal reconhece que os suportes físicos de música estão ultrapassados e que já não haverá retorno.
"Nada será como dantes e até os 'downloads' já são história", sublinha. "Hoje em dia, as pessoas não precisam de armazenar música em lado nenhum, não precisam de possuir música, basta terem acesso a ela, quando e onde quiserem". "Para isso, pagam um serviço de 'streaming' e passam a ter acesso a uma base de dados de 30 milhões de músicas, que é quase o universo total das obras musicais que estão registadas."
Tozé Brito prevê que, "daqui para a frente, o grande desafio que se vai colocar é a regulação do 'streaming'".
"Há ainda uma enorme quantidade de consumidores que não querem pagar, que não vão pagar e que, por isso, vão à procura de plataformas de 'streaming' ilegais e que vão continuar a fazer 'downloads' ilegais. As leis antipirataria vão ter de ser criadas e o mercado vai ter de ser regulado."