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Passos. Feitos os sacríficios, chegou a hora de "cobrar"

30 jun, 2015

Primeiro-ministro quer o défice abaixo dos 3% e garante que há reservas suficientes para passar o período de perturbação nos mercados financeiros.

Passos. Feitos os sacríficios, chegou a hora de "cobrar"
O primeiro-ministro, Passos Coelho, defende que, depois de Portugal ter cumprido à risca os programas de assistência, chegou a hora de as instituições ajudarem o país. Em Viseu, o primeiro-ministro afirmou que chegou a hora de cobrar.

"Depois de termos feito os sacrifícios que fizemos, em nome da responsabilidade nacional, agora também podemos cobrar uma responsabilidade comum, que nos dê aquilo que nos falta e nós não podemos atingir pelos nossos próprios meios. São as vantagens de estar dentro de uma moeda única. Se já não temos os mecanismos que tínhamos quando tínhamos uma moeda própria, agora devemos de reclamar os mecanismos de responsabilidade comum que têm de existir por partilharmos a mesmo moeda", disse, numa cerimónia na Câmara de Viseu.

Passos Coelho defende que Portugal se deve manter "dentro desta nova normalidade", que considera indispensável para, nos próximos anos, remover "os resquícios de austeridade", sem penalizar os mais vulneráveis e que têm rendimentos mais baixos.

Segundo o primeiro-ministro, Portugal deve conseguir, "pela primeira vez, que o défice das contas públicas fique abaixo dos 3%", sendo a meta do Governo os 2,7%.

Apesar da possibilidade de virem a ocorrer "tempos de maior perturbação financeira nos mercados externos", o governante garantiu que Portugal tem "reservas suficientes" para passar este período. "Temos o suficiente para esperar que uma resposta mais robusta da área do euro possa vir a acontecer em defesa da própria Zona Euro, se isso for necessário", acrescentou.

No entanto, segundo Passos, em períodos de maior perturbação, ainda é mais importante mostrar a determinação de Portugal "em ter boas contas e em aliviar a pressão sobre os portugueses", sendo esse o motivo por que o Governo faz "tanta questão de ficar com o défice abaixo dos 3%".

Mais 20 mil milhões para Portugal

O primeiro-ministro lembrou que Portugal vai ter acesso "a mais de 20 mil milhões de euros nos próximos anos em termos de financiamento europeu", que serão maioritariamente destinados à promoção da competitividade dos territórios, da economia e das empresas.

Apesar de os mercados financeiros já permitirem o investimento que é preciso para o desenvolvimento de Portugal, "ainda não está tudo feito". "À nossa escala estamos a fazer o que é preciso. Do lado da Europa ainda precisamos de mais aperfeiçoamentos nesta matéria, seja ao nível da união bancária, seja ao nível da chamada união financeira, que pressupõe também a união de mercados de capitais", defendeu.

Passos Coelho fez votos para que "o que se está a viver com a Grécia não impeça essa discussão na Europa e, pelo contrário, até acelere algumas das decisões" que é preciso tomar.

"Devemos acelerar a nossa discussão e adoptar decisões importantes até ao final do ano que mostrem a vontade que ao nível da zona euro existe de fortalecer o euro, de trazer uma união bancária e uma união financeira que coloque todas as empresas em melhor condição de competição, de modo a não prejudicá-las pela sua geografia", acrescentou.

"As empresas, desde que sejam boas, tenham bons projectos, devem ser tratadas da mesma maneira seja em Itália, França, Alemanha ou em Portugal. Nós temos boas empresas, bons projectos, bom pessoal, não há nenhuma razão para sermos discriminados negativamente", frisou.