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Conheça o português que vai mandar na TAP

24 jun, 2015 • Ana Carrilho

Humberto Pedrosa é o accionista maioritário do consórcio que fica com 61% da TAP. É apontado por muitos como a figura central do negócio que partilha com o brasileiro David Neeleman.

Conheça o português que vai mandar na TAP
É assinado esta quarta-feira, no Ministério da Economia, o contrato de compra e venda de 61% da TAP. A companhia aérea portuguesa passa assim para o consórcio Gateway, cujo accionista maioritário é português: Humberto Pedrosa, dono do império Barraqueiro.

Humberto Pedrosa é considerado o 15º homem mais rico de Portugal, com uma fortuna pessoal avaliada em mais de 300 milhões de euros. Tem 67 anos e desde os 20 que lidera aquele que se transformou num dos maiores grupos privados de transportes da Península Ibérica, sobretudo rodoviários.

Já no século XXI, estreou-se na ferrovia, com a Fertagus e o Metro do Porto, cuja concessão de cinco anos ganha em 2010 e termina agora. O Grupo Barraqueiro, de que é presidente executivo, tem cerca de 5.500 trabalhadores e inclui 34 empresas que, no ano passado, facturaram cerca de 370 milhões de euros.

O grupo cresceu nos anos 80 e conseguiu a concessão de algumas carreiras que se tornaram cada vez mais essenciais para garantir o transporte do número crescente de pessoas que se mudava para casas mais baratas nos arredores a norte de Lisboa, mas que todos os dias tinha que trabalhar na capital. E passou a receber também indemnizações compensatórias por esse serviço público.

A Rodoviária Nacional (pública) foi dividida e as novas empresas privatizadas. O grupo comprou a maioria e reforçou a presença, sobretudo, na região Centro e Sul do país. A Fertagus, que faz a travessia de comboio na Ponte 25 de Abril, tem sido uma aposta de sucesso.

O Metro do Sul do Tejo, nem tanto. E ao fim de cinco anos, a Barraqueiro não se candidatou a renovar a concessão do Metro do Porto. Concorreu à concessão da Carris, mas escapou-lhe.

Agora, Humberto Pedrosa entra na aviação e, em entrevista recente, confrontado com as recentes greves dos pilotos da TAP, respondeu que não está habituado a perturbações, mas que também já pegou em empresas que tinham perturbações e deixaram de ter.

No consórcio Gateway, o homem da aviação é o brasileiro David Neeleman. Foi ele e a sua equipa que lideraram as negociações com o Governo português. Mas Neeleman só detém 49,9% do capital. Humberto Pedrosa detém 50,01% do consórcio que se
propõe a pagar um valor mínimo de 354 milhões de euros pela detenção da TAP.

Trabalhadores ainda acreditam na suspensão da compra
Contra a privatização da empresa continuam as comissões de trabalhadores da TAP e da Groundforce, que marcaram um protesto conjunto para esta quarta-feira à tarde (14h00).

Em declarações à Renascença, o coordenador da comissão de trabalhadores da companhia aérea lembra que a assinatura do contrato de compra e venda não assinala a conclusão do processo.

Vítor Baeta ainda acredita ser possível travar um negócio que, no seu entendimento, levanta inúmeras suspeitas.