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Desigualdade é a doença crónica de Portugal?

18 jun, 2015 • Paulo Ribeiro Pinto

Desigualdades são "travão ao crescimento e desenvolvimento económicos em Portugal", diz economista Carlos Farinha Rodrigues.

Portugal é sucessivamente apontado como um dos países mais desiguais da Europa e os anos do programa de ajustamento não terão ajudado a inverter essa tendência. A convicção é do economista Carlos Farinha Rodrigues e do sociólogo Amílcar Moreira, que debateram o tema no dia 11, na Praça da Fundação Francisco Manuel dos Santos na Feira do Livro de Lisboa.

A pergunta essencial do debate surgiu, segundo o economista Carlos Farinha Rodrigues, já a meio da discussão. O professor do Instituto Superior de Economia e Gestão acredita que a questão está em saber qual o impacto das desigualdades no crescimento económico e desenvolvimento de um país.

"A partir de um certo nível, para além de profundamente injustas, são também um travão ao crescimento e desenvolvimento económicos em Portugal. Estou convencido que uma parte significativa do forte atraso do nosso sistema económico, os fraquíssimos níveis de crescimento que tivemos praticamente desde o início do século são também explicados pelo profundo nível de desigualdade. É esse profundo nível de desigualdade que impede, por exemplo, o fortalecimento da classe média", afirmou Farinha Rodrigues.

O sociólogo Amílcar Moreira, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, leva a questão das desigualdades mais longe: "Podemos fazer políticas de redistribuição porque a desigualdade em si é, como princípio democrático, má. Porque cria a algumas pessoas oportunidades que outras não têm. Esse é, para mim, o grande problema da desigualdade. Não é a questão económica, é a da participação democrática."

Mas o desenvolvimento de uma economia e a redução das desigualdades faz-se também através da qualificação e da mobilidade social que permite, lembrou Amílcar Moreira.

Esta semana, a Renascença está a transmitir todos os dias, às 19h00, o melhor dos debates que decorreram durante a Feira do Livro de Lisboa, no espaço da Fundação Francisco Manuel dos Santos.