15 jun, 2015
O crédito ao consumo parece estar a regressar em força a Portugal. No comparativo entre Abril deste ano e o de 2014, entraram mais 403 milhões de euros na economia através do financiamento pessoal, revelam dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal (BdP). O economista João Duque alerta para os perigos da insustentabilidade do fenómeno.
Os números divulgados pelo BdP mostram que há áreas em que o fenómeno é mais evidente do que em outras. O crédito automóvel foi o que registou maior número de novos contratos: subiu mais de 72% comparando com o mesmo mês do ano passado. Já o crédito pessoal para despesas com o lar cresceu mais de 33%.
Entre as razões que justificam estes números para João Duque, investigador do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), estão a "maior confiança e maior facilidade de acesso ao dinheiro".
"Em primeiro lugar, há um efectivo aumento de algum rendimento disponível e não havia oportunidade de todo de haver aumento do consumo não fosse muito dele financiado. De outro lado, há alguma expectativa de melhoria que leva as famílias a que encarem o financiamento para bens de consumo", disse à Renascença João Duque.
O economista lembra que a confiança dos consumidores deve ser balizada pelo equilíbrio entre as políticas para o consumo e as vocacionadas para a promoção do emprego. O que, segundo João Duque, não se verifica.
"Há um risco quando as políticas para o consumo não têm o mesmo tipo de garantias que a promoção do emprego. Corremos o risco de entrarmos um sobreaquecimento com reflexos negativos no espaço de um ano", remata.