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Greve na TAP. Hotelaria prevê prejuízos de 100 milhões

05 mai, 2015 • Henrique Cunha

Sector considera que o Governo tem que agir se os pilotos decidirem convocar uma nova paralisação.

Greve na TAP. Hotelaria prevê prejuízos de 100 milhões

Baixaram para 100 milhões de euros as estimativas dos prejuízos no sector da hotelaria e turismo provocados pela greve de dez dias dos pilotos do grupo TAP.

O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, Luís Veiga, admite que a reduzida adesão à paralisação fez baixar as previsões iniciais, que rondavam os 300 milhões.

"As nossas estimativas baixaram. Neste momento, a estimativa que temos é de uma perca de cerca de 100 mil hóspedes, incluindo Açores e Madeira, e cerca de 350 mil dormidas. Estes são os indicadores que nós temos neste momento, a manter-se esta alteração em que cerca de 70% dos voos têm-se confirmado. Pensamos que provavelmente vai ser este o ritmo a manter-se até à semana que vem", diz à Renascença.

“A nossa estimativa na cadeia de valores do turismo em termos de receita de exportação reduziu para cerca de um terço. Ou seja, na cadeia de valor do turismo – incluindo hotelaria, restauração, transportes, 'rent-a-cars', operadores turísticos – a nossa estimativa é de cerca de 100 milhões de perca de exportações neste período de dez dias”, sublinha Luís Veiga.

Quase todos "contra a greve"
O presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, recusa avançar com números, mas considera inaceitável um cenário de nova paralisação em finais de Maio ou nos feriados de Junho.

"As pessoas que defendiam a privatização da TAP e as que não defendiam a privatização da TAP estão neste momento todas unidas contra esta greve. E todos os sectores de actividade também, porque há limites. Não vamos aqui a contestar o direito à greve, agora, temos que tem em atenção todas as consequências que podem vir nesse seguimento. Eu não sei se uma forma de luta que no limite possa acabar com a empresa onde as pessoas trabalham seja a forma de luta mais adequada", afirma à Renascença.

Também a Associação da Hotelaria de Portugal considera que uma nova greve pode significar o fim da TAP. Luís Veiga diz que perante essa possibilidade, o Governo tem de agir.
 
"A empresa perdeu valor neste período e tem uma privatização à porta. Portanto, poderão não existir candidatos para a privatização e o Governo vai ter de tomar medidas num cenário destes. Por outro lado, achamos especulativo que se possa repetir a greve no final do mês. Isso seria mesmo retirar todo o valor que a empresa tem neste momento e colocá-la a preço de saldo. Ou então colocá-la numa situação em que ninguém poderá aparecer por não estar precisamente interessado em adquirir uma empresa nessas circunstâncias", diz o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal.