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Ulrich: Portugal está a ser o “porta-aviões da China para entrar na Europa”

17 abr, 2015

Presidente executivo do BPI afirmou-se chocado com o investimento de chineses no país.

Ulrich: Portugal está a ser o “porta-aviões da China para entrar na Europa”

Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, afirmou-se chocado com o investimento de chineses em Portugal, que "em tão pouco espaço de tempo", compraram as melhores empresas nacionais sem qualquer retorno aparente.

"Faz-me muita impressão que num curto espaço de tempo, haja tanto investimento chinês", disse o presidente do BPI, que falava na conferência anual do “Jornal de Negócios” em Lisboa sobre o tema "Os Caminhos do Crescimento", acrescentando que se sentia chocado por Portugal "ser o porta-aviões da China para entrar na Europa".

"É demais. Ser um porta-aviões chinês da Europa e para a Europa não é o destino que eu mais goste em Portugal", sublinhou.

"O investimento chinês vem comprar as melhores empresas que nós fizemos, mas não vi os seus contributos para o futuro", justificou o banqueiro.

Fernando Ulrich fez depois o paralelo da China com Angola, onde o banco tem uma presença importante, no que se refere à reacção da opinião pública aos investimentos em Portugal. "Ninguém fica escandalizado que o presidente da Fosun seja membro do comité do Partido Comunista chinês e as empresas sejam comandadas pelo Estado e depois `aqui del-Rei` quando os angolanos compram qualquer coisa em Portugal, argumentando que não são transparentes, etc".

O BPI, que concorre à compra do Novo Banco juntamente com dois interessados chineses, as seguradoras Fosun e Ambang, terá sido, segundo notícias veiculadas pela comunicação social, excluído da lista pelo Banco de Portugal por ter apresentado um valor demasiado baixo.

Sobre esta questão, Fernando Ulrich, ressalvando que tem um acordo de confidencialidade assinado sobre o processo Novo Banco, afirmou que se se "comprar o Novo Banco pelo preço que vem nos jornais [a Fosun oferece praticamente o valor investido pelo fundo de resolução, cerca de quatro mil milhões de euros], levará os analistas a valorizar os bancos portugueses pelo triplo de seu valor actual".