02 abr, 2015
O doutor José da Silva Lopes foi um ilustre economista português com quem tive o privilégio de conviver numa fase tardia da sua longa carreira. Era um homem de uma singular honestidade intelectual.
Mesmo sendo um confesso keynesiano, confluía comummente com a análise de outros economistas de outros quadrantes de pensamento económico, pois privilegiava a reflexão independente à que poderia resultar de uma orientação política ou de uma análise normativa de um modelo de pensamento.
Muito afável, muito terreno e simples nos termos de análise e no trato com os seus colegas, admirava-se de um modo muito genuíno ao apreciar os desenvolvimentos dos novos economistas.
No entanto, nunca abdicava das suas referências matriciais do seu pensamento fundador, o qual nasceu na sua escola de formação o ISCEF, actual ISEG, e foi consolidando à medida que foi desenvolvendo uma carreira como administrador financeiro, governador do Banco de Portugal ou ministro das Finanças.
Na sua cabeça tinha claramente definido o seu modelo macroeconómica para a economia portuguesa e com contas simples mostrava à evidência a crueza da nossa realidade e debilidade.
Tive e honra de com ele partilhar o palco de algumas sessões públicas de debate económico e com ele estabeleci uma singular camaradagem tardia (na sua vida), mas que sempre me deu a sensação de ser um de entre muitos dos seus “netos economistas”.