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Sindicato do Pessoal de Voo da Aviação Civil abandona UGT

30 mar, 2015 • Ana Carrilho

É um dos sindicatos com mais peso na UGT. Decisão foi aprovada em referendo por 84% dos votantes.

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) abandonou a UGT e vai ser um sindicato independente. O SNPVAC é um dos sindicatos com maior peso na União Geral de Trabalhadores. 

A informação foi confirmada à Renascença pela presidente da direcção do sindicato, Luciana Passo. 

A decisão foi tomada pelos membros do sindicato em referendo realizado entre os dias 10 e 24 deste mês e confirmada numa assembleia-geral realizada esta segunda-feira. A opção de abandonar a UGT mereceu 84% dos votos.

A desvinculação surge na sequência da deterioração das relações entre a UGT e o SNPVAC. As relações entre as duas partes já eram tensas, mas pioraram  ainda mais com a entrada de Carlos Silva para secretário-geral da central sindical.

Um dos últimos factores de tensão foi o facto de o sindicato ter decidido manter a greve na TAP para os dias 27 a 30 de Dezembro, enquanto outras organizações sindicais filiadas na UGT fizeram parte de um grupo de que negociou um acordo com o Governo, no âmbito da privatização da companhia aérea.

Luciana Passo diz que o crescente desconforto ditou a saída. "Era uma sensação que já existia. Nesta altura, algumas cartas enviadas para o sindicato pela UGT causaram um certo desconforto, pelo teor. Acho que a votação dos associados reflectiu esse desconforto e a vontade de não permanecer na central sindical", afirma a sindicalista.Fundado em 1957, o SNPVAC representa 90% dos cerca de 2.500 tripulantes de cabine da TAP.

UGT lamenta decisão e rejeita argumentos
A UGT "lamenta" a decisão do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil e rejeita  os argumentos apresentados "pelo facto de não serem verdadeiros".

A central sindical refere, em comunicado, que se "manifestou publicamente contra a privatização da TAP" e apoiou "formas de luta encetadas pelo SNPVAC para defender o seu acordo de empresa".

Em relação ao braço de ferro com o Governo, a UGT argumenta que se o SNPVAC não quis dialogar, não pode impor a “lei da rolha” aos outros sindicatos.

“Ferida na sua susceptibilidade, a direcção do SNPVAC fez o que fez – apontou as suas baterias para o bode expiatório fácil e sempre disponível para o diálogo e concertação – a UGT. Mas isso é feio, porque cada organização filiada na UGT decide por si e em função dos direitos dos seus associados. Não cabe a uma central sindical assumir a liderança dos sindicatos individualmente”, afirma a UGT.

[notícia actualizada às 23h42]