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Revolução low-cost nos Açores: Mais voos e mais baratos fazem disparar hotelaria

28 mar, 2015

Voos das companhias low-cost para o arquipélago reduzem preços, em alguns casos, a um terço e aumentam o número de ligações em 40%. Hóteis alcançam taxa de ocupação de 80% na Páscoa.

Revolução low-cost nos Açores: Mais voos e mais baratos fazem disparar hotelaria

O primeiro voo de uma “low cost” para os Açores tem chegada prevista a Ponta Delgada no domingo de manhã e marca, simbolicamente, o início da "maior reforma de sempre" nas ligações aéreas ao arquipélago. Mais voos a um preço reduzido.

Os Açores estão a passar pela "maior reforma de sempre ao nível das acessibilidades e da mobilidade de todos os açoreanos", disse esta semana o secretário regional dos Transportes do Governo Regional, Vítor Fraga, a poucos dias da entrada em vigor da liberalização das ligações aéreas entre duas ilhas (São Miguel e Terceira) e o continente.

Para já, as “low-cost” só se interessaram por São Miguel (Ponta Delgada), mas em todas as rotas entre os Açores e o resto do país, incluindo as que mantêm obrigações de serviço público, houve descida das tarifas, "chegando, em muitos casos, a ser um terço do valor que era praticado há seis meses", segundo Vítor Fraga.

São vários os indicadores que fundamentam as expectativas positivas de empresários e políticos em relação à liberalização das ligações aos Açores, sobretudo ao nível do turismo.

Um deles é a oferta de voos para os Açores no primeiro ano da liberalização, que é 40% superior à que existia. Considerando apenas a época baixa, esse aumento é de 74%.

A Ryanair revelou em Fevereiro que as reservas estão "a correr melhor" do que esperava e a easyJet disse à Lusa que a procura tem correspondido à "projecção inicial", havendo voos "que já estão esgotados" e outros "quase completos".

A TAP e a SATA, contactadas pela Lusa, não revelaram informações sobre reservas. Ainda assim, fonte oficial da transportadora aérea nacional referiu que "o fenómeno das “low-cost", em qualquer rota, gera tráfego para todas as companhias. 

Hotelaria descola  
A nível da hotelaria, e no imediato, as reservas nos hotéis de São Miguel para os dias da Páscoa registam níveis "fora do comum", rondando a ocupação hoteleira os 80%, segundo a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). 
 
Numa região em que, até agora, 90% dos turistas visitavam as ilhas comprando pacotes turísticos a operadores, nota-se, já desde o final do ano passado, o incremento das reservas individuais na hotelaria, apontando a AHP para um aumento de 20% deste tipo de procura.

Também a procura de carros de aluguer regista esse aumento de 20%, num indicador usado como referência pela Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada.

Para os empresários, os Açores estão perante uma "alteração estruturante", que necessariamente terá impactos positivos na economia regional, estando as empresas preparadas para responder ao aumento do número de turistas.

A expectativa da ANA é que haja este ano um aumento de 500 mil passageiros nos aeroportos dos Açores que gere.

Açoreanos também beneficiam
No entanto, é expectável que o novo modelo de ligações aéreas aos Açores que entra em vigor no domingo incremente também o tráfego de passageiros que são residentes nas ilhas, ou seja, não turistas, uma vez que passam a ter acesso a tarifas consideravelmente mais baixas para irem ao continente e à garantia de que, no máximo, uma viagem a Lisboa lhes custará 134 euros, cerca de metade do tecto actual.

Além disso, em Setembro, haverá ainda uma descida média de 20% das tarifas para residentes nos voos inter-ilhas.

Para já, parece haver alguma confiança da parte dos investidores privados, uma vez que a chegada dos primeiros voos das “low-cost” a São Miguel coincide com a abertura de novos hotéis na ilha e há pedidos de licenciamento de 1.800 novas camas em todo o arquipélago.

Segundo a Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas dos Açores (AICOPA), depois de dois anos moribunda, a iniciativa privada no sector "arrancou" nos últimos meses por influência da liberalização das ligações aéreas.