Juncker acusa Portugal e Espanha de serem "muito exigentes" com a Grécia

O presidente da Comissão Europeia acusa Portugal e Espanha de terem sido muito exigentes com a Grécia nas últimas semanas, numa entrevista ao jornal espanhol “El País”.

"A Grécia é um exemplo de que essa impressão sobre a Alemanha liderar a Europa com mão de ferro não corresponde à realidade. Há vários países mais severos: Holanda, Finlândia, Eslováquia, os Bálticos, Áustria", disse Jean-Claude Juncker.

Nas suas declarações disse que "nas últimas semanas, Espanha e Portugal têm sido muito exigentes em relação à Grécia", quando questionado pelo jornal sobre se o tradicional eixo franco-alemão é uma coisa do passado ou se o poderio da Alemanha é uma realidade na Europa.

Ainda sobre a Grécia, Juncker disse que Alexis "Tsipras deu um passo fundamental, pois começou a assumir as suas responsabilidades. Entretanto, tem um problema, já que terá ainda de explicar que certas promessas, com as quais ganhou as eleições, não serão realizadas".

Juncker afirmou que o primeiro-ministro grego "fez as perguntas certas", mas que "nunca deu as respostas". "As eleições não mudam os tratados: é claro que a crise pode ser considerada de outra maneira. Podemos mostrar maior flexibilidade, mas a vitória de Tsipras não dá o direito de mudar tudo", indicou.

Passos Coelho e o primeiro-ministro espanhol foram acusados pelo seu homólogo grego de liderarem um eixo de poder contra Atenas e de terem tentado bloquear o acordo no Eurogrupo. Acusações que foram desmentidas tanto por Madrid como por Lisboa.

Referindo-se ao partido grego Syriza, mas também ao seu aliado espanhol Podemos, Juncker disse que este "tipo de novo partido, muitas vezes, analisa a situação de forma realista e enfatizando com precisão os enormes desafios sociais". Entretanto, passadas as eleições, estes partidos são incapazes de manter as promessas, de transformar os seus programas em realidade, de acordo com o presidente da CE.