17 dez, 2014
A BBC distingue um português como o pior CEO (director ou presidente executivo) do ano. Nada mais, nada menos do que Ricardo Salgado. O ex-Dono Disto Tudo é, segundo a BBC, o homem que liderava um complexo e interligado conjunto de entidades que controlava o segundo maior banco do sistema financeiro português e levou um império à falência.
Nesta eleição anual, é ainda descrito que no primeiro semestre do ano o BES apresentou perdas de 3,6 mil milhões de euros, forçando o Governo português a injectar 4,9 mil milhões de euros.
A BBC escreve ainda que o BES era propriedade da Espirito Santo International (ESI), uma empresa controlada pela família com dezenas de empresas não financeiras que dependiam do financiamento do banco. Com o adensar da crise, começaram as dificuldades de obter liquidez para manter de pé o império familiar.
Os britânicos ironizam ainda sobre o número de membros ligados à família Espírito Santo em lugares de topo. "Colocar 250 elementos da família em lugares de gestão e liderança pode resultar em grandes reuniões familiares, mas dificilmente é justificável por critérios estritamente técnicos e de qualidade de gestão".
"Salgado e outros membros da família viviam como reis em casas enormes, apesar do estado financeiro precário do banco", acrescentam.
"Arrogância" que destrói "impérios"
A eleição de Salgado como o CEO mais fraco do mundo deve-se ainda às múltiplas investigações que sobre ele pendem e que o forçaram a sair da liderança do BES a 14 de Julho.
A hipótese de gestão fraudulenta, dizem os britânicos, anda no ar. Salgado, recorde-se, foi ouvido recentemente na comissão parlamentar que investiga a queda do BES e do GES. Culpou o Banco de Portugal pelo fim do banco, acrescentando que ninguém da administração se apropriou de dinheiro.
Mesmo que não se prove a intenção de dolo, a forma como Salgado alavancou os negócios da família num período tão complicado da economia europeia e mundial são prova de um rótulo que, na opinião da BBC, não se desvinculará dele: má gestão.
O artigo termina com a enumeração de uma série de más práticas de gestão. E uma comparação ao magnata brasileiro Eike Batist, a braços com processos judiciais e vencedor no ano passado do mesmo prémio, rematam a falar do "poder incrível da arrogância para destruir impérios e as reputações daqueles que os criaram".
Salgado lidera a lista dos cinco piores gestores do mundo. Tem a companhia de figuras como Philip Clarke (CEO da Tesco) e David Costolo (Twitter).