Tempo
|

"Peru está na moda" e quer investimento português

29 nov, 2014 • Ana Carrilho

Empresário nacional instalado naquele país há vários anos diz que as autoridades do Peru "cumprem sempre a sua palavra". O sistema legal e fiscal é estável e transparente além de bons serviços e um sistema bancário desenvolvido.

"Peru está na moda" e quer investimento português

O “Peru está na moda” é o slogan que o país da América Latina que mais cresceu e de forma consistente na última década adopta para atrair investimento estrangeiro.

Portugal não escapa ao “piscar de olho” para as oportunidades de negócio que o Peru apresenta às empresas portuguesas, nomeadamente nas áreas das infra-estruturas, sobretudo, de transportes.

Num encontro promovido pelo Instituto para a Promoção e Desenvolvimento da América Latina (IPDAL), que juntou o embaixador do Peru, o conselheiro económico e comercial da embaixada em Portugal, o representante da empresa nacional que há mais anos está naquele país, a AtralCipan, a mensagem foi clara: Neste momento, a balança comercial pende para Portugal, num total de 68 milhões de euros de facturação, 45 são de exportações portuguesas e 23 de importações.

Mas o que o Peru quer mesmo é que os empresários portugueses se instalem, contribuam para o crescimento da economia e criem postos de trabalho. Como faz, por exemplo, a Mota-Engil, que tem mais de cinco mil trabalhadores.

Em troca, aquele país da América Latina oferece estabilidade e confiança aos investidores, com a garantia constitucional que são tratados em pé de igualdade com os investidores peruanos.

Peru tem cerca de 25 mil milhões de euros para investir
Nalguns sectores e regiões, há incentivos fiscais acrescidos ao investimento, nomeadamente em sede de IVA e IRC. O Peru tem cerca de 25 mil milhões de euros para investir até ao fim do próximo ano, com prioridade para os sectores mineiro, da energia e construção. Por exemplo, a EDP instalou-se em Lima há menos de um mês.

Para Carlos Novais Araújo, da AtralCipan, há um ponto fundamental para as empresas: “O Peru cumpre sempre a sua palavra. Tem um sistema legal fiscal estável e transparente além de bons serviços e um sistema bancário desenvolvido. O empresário só tem que se preocupar com o seu próprio negócio”.

O Laboratório Farmacêutico é outro caso de sucesso no Peru. Importa, promove e distribui medicamentos em todo ao país, em mais de sete mil farmácias. Tem uma equipa de 22 pessoas, quase todas com formação superior.

Essa é outra mais-valia sublinhada no encontro promovido pelo IPDAL: O Peru tem uma população jovem, com formação académica cada vez mais elevada, que fala diversas línguas e três quartos da população pertence às classes média e média-alta.

Piscar de olho aos turistas portugueses
Além do investimento directo, o Peru também está interessado nas relações privilegiadas que Portugal tem com África. Juan Luís Kuyeng, conselheiro económico comercial da embaixada, considera que Portugal poderia actuar como uma plataforma nesses contactos, com vantagens para ambos os países.

O estreitar de relações que tem ocorrido nos últimos dois anos já está a facilitar o contacto. Há cerca de duas semanas, os embaixadores de países da América Latina e dos países da CPLP reuniram aqui em Lisboa e o Peru foi um dos países que pediu o estatuto de observador na Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

Outro dos grandes objectivos da campanha peruana é atrair mais turistas portugueses. A nova maravilha do mundo Machu Picchu é apenas um dos destinos culturais mais procurados a que se juntam os cenários naturais e gastronomia.

O embaixador do Peru, Enrique Armando Román-Morey, faz questão de sublinhar que o turismo tem tido um crescimento exponencial nos últimos anos e é outra oportunidade de negócio para os operadores e hoteleiros portugueses.

Para fomentar o fluxo de turistas entre os dois países, têm decorrido negociações com a TAP para a criação de uma carreira aérea directa entre Lisboa e Lima. Segundo o representante diplomático peruano em Portugal, as ligações poderão ser iniciadas no próximo ano, depois de a TAP receber os novos aviões destinados às viagens de longo curso. Uma ligação que também iria favorecer muito o turismo religioso, sobretudo com destino a Fátima, de que os peruanos são muito devotos.