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"Dr. Finanças" ajuda a tratar o excesso de dívidas

31 out, 2014 • Eunice Lourenço

Empresa que faz aconselhamento sobre finanças pessoais diz que eventuais ‘ganhos’ do Orçamento devem ser poupados pelas famílias.

"Dr. Finanças" ajuda a tratar o excesso de dívidas
O conceito é tratar o excesso de dívidas como o excesso de peso: algum dia será preciso sentar-se em frente a um médico e tomar medidas para reduzir o peso. Também é assim como o "Dr. Finanças", um conceito desenvolvido pela Reorganiza, uma empresa que presta serviços na formação, prevenção e resolução de problemas financeiros. A partir desta sexta-feira – Dia Mundial da Poupança – começa a prestar serviço na Câmara de Cascais.

“O mais importante é quererem ser tratados”, diz Rui Bairrada, um dos administradores da Reoganiza, a quem a experiência dos últimos anos ensinou que as pessoas se escondem atrás de um computador. É, então, preciso, sair daí e enfrentar o problema.

“Tudo começa com uma consulta” em que o "Dr. Finanças" identifica “como é que a pessoa gasta o dinheiro e onde”. Depois de feito o diagnóstico, é preciso começar a tratar do problema, negociando com o banco ou com as outras instituições de crédito, para as quais também é importante chegar a um acordo e evitar o incumprimento.

“Conhecemos a vida da pessoa em toda a sua temática de endividamento, que nos permite dizer aquele banco em concreto quanto é que a pessoa consegue pagar”, explica Rui Bairrada.

A empresa funciona como mediadora entre o endividado, que passa uma procuração, e a instituição ou instituições credoras. E é aí que reside a diferença entre uma empresa como a Reorganiza e o Gabinete do Sobreendividado da Deco: este gabinete aconselha as pessoas, mas são elas que têm de negociar; aqui é a empresa que renegoceia os créditos. E ganha em função dos resultados que conseguir.

“Cobramos sobre o sucesso. O que cobramos às pessoas é o sucesso que temos. Se conseguirmos reduzir muito, cobramos muito, se reduzirmos pouco ou nada, cobramos pouco ou nada”, afirma Rui Bairrada, para quem reside aí a taxa de sucesso dos seus casos: “Estamos todos muito empenhados porque quanto mais conseguirmos reduzir, mais ganhamos.”

À sua empresa chega de tudo, desde pessoas com salário mínimo até gente com cargos de direcção. “É um erro pensarmos que a crise só chegou aos pobres. O problema é que é proporcional ao que a pessoa ganha”, afirma.

Para além de ‘tratar’ casos individuais, a Reorganiza tem sido contactada por grandes empresas para dar aconselhamento aos respectivos funcionários. E é o que agora também vai fazer em colaboração com a Câmara de Cascais. Uma situação que Rui Bairrada atribui ao facto de a crise estar a afectar o próprio trabalho dos funcionários com problemas e as empresas aumentarem a motivação ajudando a resolver esses problemas.

Quanto à retoma que o Governo tem vindo a apregoar, o administrador da Reorganiza diz que já se começa a sentir sobretudo do lado dos bancos, que voltam a dar créditos, mas diz que ainda são precisos alguns anos para resolver o nível de endividamento a que os portugueses chegaram. E aconselha a famílias a aproveitarem alguns ganhos que tiverem com o próximo Orçamento do Estado para pouparem, porque diz que “não faz sentido” não poupar 30 euros por mês, mas depois usar o cartão de crédito para pagar 300 euros de livros escolares.