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Associação "Precários Inflexíveis" alerta para a "facilidade com que se despede" em Portugal

20 out, 2014

Portugal conta com 1,3 milhões de trabalhadores com vínculos precários. Só no segundo trimestre, houve um acréscimo de 25 mil casos.

O dirigente da Associação de Combate à Precariedade “Precários Inflexíveis” criticou a facilidade com que se despede em Portugal, argumentando que isso provoca um aumento do número de trabalhadores com vínculo precário.

Para Ricardo Vicente, os números avançados no boletim estatístico do ministério da Economia, divulgados esta segunda-feira pelo “Correio da Manhã”, não são surpreendentes.

De acordo com as estatísticas, Portugal conta actualmente com 1,3 milhões de trabalhadores com vínculos precários, sendo que, só no segundo trimestre, houve um acréscimo de 25 mil casos.

“Nos últimos anos, tem crescido a argumentação de que em Portugal é difícil despedir e que a nossa legislação é muito rígida, mas o que tem vindo a acontecer é uma facilidade de despedimento, que provoca a substituição de trabalho que antes era trabalho com direitos por trabalho precário”, afirmou.

“Inicialmente os recibos verdes tinham uma importância muito maior, eram muito mais representativos do mundo da precariedade, porque era uma forma de trabalho precário implantada há mais tempo”, lembrou, adiantando que, nos últimos anos o que tem acontecido sobretudo é “a instalação de contratos a prazo infinitos”.

Por outro lado, criticou Ricardo Vicente, “nos últimos tempos também se tem facilitado a instalação de empresas de trabalho temporário” em proporções que o responsável considerou “bastante preocupantes”.

Para reflectir sobre todas estas dificuldades e tentar encontrar formas de as combater, a associação está a preparar uma segunda edição do Fórum Precariedade e Desemprego, agendada para 13 e 14 de Dezembro.

Segundo os números do boletim estatístico do Governo, há 591,5 mil portugueses a trabalhar em “part-time”, além de 630,1 mil com contratos a prazo, sendo que o principal motivo para inscrição em centros de emprego é o fim desses contratos.