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"Quem usa um saco de pano é um herói"

16 out, 2014 • Inês Alberti

Os sacos de plástico vão ser mais caros. Há dois anos que André da Silva defende as virtudes dos sacos de pano. E montou um negócio à volta deles.

"Quem usa um saco de pano é um herói"
Há dois anos ainda não se falava com tanta frequência em "fiscalidade verde". Mas foi há dois anos que André da Silva decidiu montar um pequeno negócio: fazer sacos de pano, uma "luta pessoal" contra a ditadura do omnipresente saco de plástico.

No dia em que o Governo anunciou a criação de uma taxa para os sacos de plástico leves (10 cêntimos, já com IVA), os sacos "pa-pão", criados por André, podem ser uma alternativa mais ecológica e até mais barata.

A ideia foi tentar "fazer um saco o mais responsável possível", diz o jovem empreendedor à Renascença. "Por isso, para o tecido escolheu-se o algodão biológico, sem tintas, produzido pela empresa Naturapura, também portuguesa."

O resultado: sacos "giros", ecológicos e que, a longo prazo, são mais baratos que os de plástico.

Para André, as novas medidas do Governo podem ser "um grande incentivo" para deixar de usar os sacos de plástico e enveredar por uma alternativa mais ecológica.
 
Os Sacos pa-pão, diz, são mais do que um negócio: é uma actividade sustentável e uma "luta pessoal": "Para mim, quem usa um saco de pano é um herói, porque não tem necessidade disso, porque é fácil optar pelo descartável. E quem faz isso só por razões ecológicas é um herói".

Sacos em todo o lado
Por ano são utilizados cerca de 100 mil milhões de sacos de plástico na Europa. Destes, cerca de 8.000 milhões acabam a voar pelas ruas, a boiar no mar ou a sujar o campo.

Em Abril, a União Europeia aprovou uma resolução com o objectivo de reduzir até 80% o uso dos sacos de plásticos até 2019.

Em Portugal, e segundo contas feitas pelo jornal "Público", entre 83 e 250 milhões de sacos de plástico acabam nas ruas e não no lixo.

Na apresentação da Fiscalidade Verde, o ministro justificou a medida com o facto de "Portugal ter um nível inaceitável de utilização de sacos plásticos", mais de 400 por ano, por habitante.

Com os sacos de pano, poupa-se não só o ambiente, mas também a carteira, defende André. Faz as "contas por baixo": "Se eu for à padaria 200 vezes por ano – e vou mais – e levar o saco metade das vezes (já que me esqueço de vez em quando), eu poupo 100 sacos por ano."

O saco, explica André, é reutilizável de várias maneiras: "Há até quem leve para o ginásio: o saco até é muito giro e por isso tem vários usos. Por exemplo, houve sacos que já foram até Santiago de Compostela, a transportar comida".

E quando o saco estiver velho? "Pode ser usado como pano". Mas isso pode demorar vários anos. André, que faz colecções de sacos de pano da mãe ou da avó, diz ter alguns que têm mais de 20 anos.

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