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BES/Novo Banco

Dois meses na banca. Vítor Bento diz que sai "em momento oportuno"

15 set, 2014

O futuro ex-presidente do Novo Banco escreveu aos colaboradores e clientes para justificar a saída e tecer elogios ao sucessor. "Nada de essencial muda no banco", garante.

Dois meses na banca. Vítor Bento diz que sai "em momento oportuno"

O presidente demissionário do Novo Banco, Vítor Bento, escreveu esta segunda-feira aos colaboradores e clientes da instituição, justificando a saída do Conselho de Administração e destacando o "profissionalismo" e "experiência" do seu sucessor.

"Estou convicto de que esta mudança ocorre no momento mais oportuno para o efeito", escreve Vítor Bento na comunicação interna aos colaboradores, a que a Lusa teve acesso, acrescentando que "estão praticamente resolvidas as questões mais complexas e desgastantes da transição do regime do Banco".

Segundo Vítor Bento, "libertando a nova equipa daquele desgaste", a actividade do banco ganhará "um novo impulso".

Duas cartas
O presidente demissionário do Novo Banco dirigiu duas cartas, uma aos colaboradores do Novo Banco e outra aos clientes.

Vítor Bento afirma em ambas as cartas que o novo presidente, Eduardo Stock da Cunha, é "uma pessoa muito experiente no sector", "um profissional reconhecido".

"Os elementos que o acompanham na renovação da equipa são também profissionais reconhecidamente competentes", acrescenta.

"As coisas precipitaram-se"
Na comunicação interna aos colaboradores, Vítor Bento lembra ter entrado a 14 de Julho com José Honório e João Moreira Rato, numa envolvente "muito complexa e cheia de incertezas" e perante uma situação que se afigurava "com um período muito difícil".

Tal pressupunha, de acordo com o economista, "um razoável horizonte temporal para o efeito".

"Como é sabido, as coisas precipitaram-se muito rapidamente e o banco acabou objecto de uma medida de resolução, que correspondeu ao que as autoridades consideraram ser, dentro das circunstâncias, a que melhor protegeria o banco, os seus clientes e o seu futuro", explica.

Segundo Vitor Bento, a sua equipa acabou por aceitar fazer a transição para o novo regime, para "assegurar que a mesma não teria nenhum efeito desestabilizador no banco e no sistema financeiro".

Também, continua, porque "na altura não era ainda claro que não fosse possível prosseguir o projecto de médio prazo" com que iniciaram a missão.

"Durante este período contribuímos para a estabilização do Banco, lançámos, com apoio da McKinsey, a elaboração de um plano de sustentabilidade, pusemos em curso a mudança de marca (por imperativo regulamentar), criámos as condições para a 'normalização' do funcionamento interno e externo do banco, definimos objectivos para o último trimestre e lançámos o processo orçamental para 2015, entre várias outras coisas", enumera.

Vitor Bento diz ainda "estar praticamente concluído o balanço de abertura do banco, não auditado, mas que permitirá um diálogo mais sólido com as várias contrapartes dos negócios do banco e com as agências de 'rating'".

“Por essas razões entendemos ser agora oportuno passar o testemunho a uma outra equipa de gestão mais alinhada com o projecto escolhido pelo accionista", esclarece o presidente demissionário.

Sem dramas
Aos clientes, Vítor Bento começa por explicar que a mudança "não tem nada de dramático" e espera que "até possa beneficiar o banco" e garante que, "além de alguns nomes, nada de essencial muda no banco".

"A força do banco e a capacidade de preservar o seu valor reside nos seus colaboradores, como tenho dito várias vezes, e essa mantém-se intacta, pelo que acreditamos que o Novo Banco será sempre uma grande instituição, com gente muito dedicada, clientes leais e uma actividade de negócio que pode dar um importante contributo para a recuperação da economia portuguesa", escreve ainda.