13 set, 2014
A demissão de Vitor Bento do Novo Banco poderá provocar alguma agitação nas Bolsas, mas não propriamente um “tsunami” na economia portuguesa, considera o economista Manuel Caldeira Cabral.
“Penso que não haverá um tsunami financeiro e económico. Penso que poderá haver alguma agitação. Este problema não surge, provavelmente, numa sexta-feira à noite e está a ser resolvido num fim-de-semana por acaso. Eu penso que antes de segunda-feira vai ser anunciada uma solução. As bolsas, portanto, já vão abrir com uma solução e não com um problema a arrastar-se, que se não se encontrasse seria muito grave. O problema é que isto, de facto, traz ao de cima uma situação que todos esperávamos que se estivesse a estabilizar, traz mais um elemento de instabilidade a uma situação que já é muito pouco desejável, que foi toda a situação do BES”, disse.
Este professor da Universidade do Minho acrescenta que “há algumas reservas e alguma preocupação, no sentido em que o que pode estar em causa é uma decisão política do Governo e do Banco de Portugal de querer vender rapidamente o banco, eventualmente a um preço que não é o que mais valoriza este activo que é o Novo Banco, e, nesse sentido, se for esse o caso, significa que, quando se falou que não ia haver perdas com o caso BES e que elas seriam contidas, significa que pode o banco ser vendido por um valor muito inferior ao dinheiro que foi investido no banco, que teve de vir do Fundo para salvar o banco”.
A equipa de gestão do Novo Banco - Vítor Bento, João Moreira Rato e José Honório - já confirmou que renuncia aos cargos desempenhados na administração da entidade. A alteração da "natureza do desafio" levou à renúncia dos três gestores, que dizem não sair em conflito com o Banco de Portugal.
O novo conselho de administração do Novo Banco “será conhecido logo que concluídos os procedimentos prévios exigíveis”. Sem avançar nomes, o Banco de Portugal confirma que a nova equipa “garantirá a concretização do projecto de desenvolvimento e criação de valor para o banco”.
Em comunicado, o Banco de Portugal insiste que tem como “prioridade salvaguardar o interesse dos clientes do Novo Banco, dos seus trabalhadores e do sistema financeiro”.