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Campanha "Desmascarar os corruptos" exige medidas imediatas

02 set, 2014

Objectivo é evitar que a economia "se torne refúgio seguro para oficiais corruptos".  Dados do Bando Mundial revelam que, em 70% dos casos,"políticos  usavam empresas-fachada para esconder bens ilícitos".

A organização Transparência Internacional lança esta terça-feira em 11 países, incluindo Portugal, uma campanha para exigir aos governos "medidas imediatas" para resolver as lacunas legislativas que facilitam a circulação de dinheiro ilegal.

Portugal, Austrália, Brasil, França, Indonésia, Malásia, Rússia, África do Sul, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos da América são os países que participam na campanha "Desmascarar os corruptos"(Unmask the Corrupt em inglês), que quer "sensibilizar cidadãos e governos para a urgência do combate à corrupção transnacional".

"A falta de regulação eficaz dos sistemas financeiros permite a agentes corruptos esconder o produto dos seus crimes atrás de empresas-fachada e gozar de uma vida de luxo paga com dinheiro sujo", disse João Paulo Batalha, director executivo da associação Transparência e Integridade (TIAC), representante portuguesa da Transparência Internacional.

"Sob o pretexto de captar investimento estrangeiro, os próprios governos têm sido coniventes com estas práticas, demitindo-se de garantir a transparência e a legalidade dos fluxos financeiros que entram no país", acrescentou.

Os escândalos do BES ou do BPN
Por isso, a TIAC defende a tomada de "medidas imediatas" para impedir que a economia "se torne refúgio seguro para oficiais corruptos".

Acabar com o secretismo na propriedade de empresas, tornando obrigatória a identificação clara dos seu beneficiários, regular o mercado dos bens de luxo, nomeadamente o imobiliário, e fazer um controlo mais apertado sobre a circulação de suspeitos de corrupção, incluindo a regulação dos programas de vistos dourados, são reivindicações da campanha, para a qual foi criado um site.

Dados do Bando Mundial revelam que, em 70% dos casos de grande corrupção internacional, "políticos corruptos usavam empresas-fachada para esconder a sua identidade e beneficiar dos seus bens ilícitos".

"Em Portugal, escândalos recentes como o do BES ou do BPN revelaram o envolvimento de empresas offshore em negócios obscuros que terão servido para esconder prejuízos e beneficiar ilegitimamente responsáveis destas instituições" e "operações de investimento estrangeiro, em imobiliário de luxo ou na compra de participações em empresas portuguesas, têm sido feitas sem um escrutínio suficiente", adianta a organização.