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KPMG recusa dar parecer sobre contas do BES

01 set, 2014

Em causa, a falta de informação por parte da administração do banco e às incertezas criadas com a separação.

A auditora KMPG recusa dar parecer sobre a situação financeira do Banco Espírito Santo (BES).

"Não estamos em condições de expressar, e não expressamos, um parecer sobre as demonstrações financeiras consolidadas intercalares referentes a 30 de Junho de 2014", afirma a KPMG num documento, referindo-se concretamente à medida de resolução aplicada ao banco e à impossibilidade de quantificar "os efeitos das medidas extraordinárias de saneamento" do BES Angola (BESA).

A KPMG refere ainda que, "face à relevância e significado dos factos descritos", as demonstrações financeiras "deixaram de poder proporcionar informação adequada acerca da posição financeira e das operações do BES".

Sobre a resolução do banco, a KPMG destaca a incerteza quanto ao futuro do BES, após a divisão dos activos e passivos no Novo Banco e no "banco mau".

"Na presente data não são conhecidos os critérios e bases de avaliação" dos activos para efeitos da sua transferência para o Novo Banco", diz a auditora, acrescentando que "estas demonstrações financeiras não reflectem quaisquer ajustamentos ou divulgações que sejam necessários em resultado destes eventos ocorridos a 3 de Agosto de 2014, nem o seu efeito na limitação à capacidade do BES manter a continuidade da sua actividade".

"A ausência de confirmação pelo Conselho de Administração do BES de informações relevantes com respeito às demonstrações financeiras referentes a 30 de Junho de 2014, constitui uma significativa limitação de âmbito ao nosso trabalho", frisa a auditora.

Já quanto à sua escusa de parecer sobre o BES Angola, a KPMG frisa que não consegue quantificar os impactos dos problemas, lembrando que o Banco Nacional de Angola revelou em Julho que o BESA necessitava de um aumento de capital de 2.705 milhões de euros e que, caso os accionistas actuais não o subscrevam, "existe a possibilidade de o Estado angolano vir a substituir-se aos mesmos".

No dia 3 de Agosto, o Banco de Portugal tomou controlo do BES, depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição. No chamado "banco mau", um veículo que mantém o nome BES mas que está em liquidação, ficaram concentrados os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas.

No "banco bom", o banco de transição que foi chamado de Novo Banco, ficaram os activos e passivos considerados não problemáticos.