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UNITA exige explicações sobre o BES Angola

21 ago, 2014

O maior partido da oposição impõe a abertura de um inquérito aos "contornos claramente criminosos" sobre o caso.

A UNITA, o maior partido da oposição angolana, considera que a Procuradoria-geral da República de Angoladeve abrir, “sem demora”, um inquérito ao que designa por "contornos claramente criminosos" que envolvem o Banco Espírito Santo Angola (BESA).

O caso BESA, que é detido maioritariamente pelo Banco Espírito Santo, deve ser considerado como de "gestão danosa" e investigado, “a fim de responsabilizar exemplarmente todos os que nele estiverem implicados”, diz a UNITA, em comunicado.

Na página da internet do partido, pode ainda ler-se que “fundos púbicos, negados ao suporte do processo de reconciliação nacional, foram imediata e indevidamente disponibilizados pelo Executivo para cobrir estes actos, que não devem continuar impunes”.

Esta posição consta do documento de conclusões da reunião da comissão politica do partido, que decorreu em Luanda, esta quinta-feira.

“Todo o sistema bancário está minado”
O presidente da UNITA, maior partido da oposição, classificou o "caso" como exemplo da utilização de fundos públicos para "actos ilícitos", questionando-se sobre o interesse de "tantos bancos" no país.

"O caso do BESA também levanta sérias questões sobre a integridade do sistema bancário angolano. Como perguntam os mais ingénuos: porque é que um país de desempregados, sub-empregados e de trabalhadores mal pagos que não fazem poupanças tem tantos bancos? O que atrai os bancos para Angola?", questionou Isaías Samakuva.

"São as oportunidades de ganhar dinheiro fácil através da delapidação do Tesouro Nacional? Será que os que governam o país precisam dos bancos internacionais, que são respeitados internacionalmente, para virem cá e receber o produto do roubo na forma de depósitos?", interrogou, ainda, Samakuva, acusando o sistema bancário de não perguntar pela origem do dinheiro.

"Pegam numa parte desse dinheiro e distribuem a certas pessoas do regime. E outra parte entra em aviões para destinos desconhecidos. À distribuição que faz chamam empréstimos, só que depois nunca mais pagam tais empréstimos", enfatizou.

"Quem fala do BESA, fala também dos buracos que existirão nos outros bancos e das lavagens de dinheiro aí praticadas. Todo o sistema bancário está minado", afirmou o líder da UNITA.